PROF. RAIMUNDO POETA
Para as questões 1 e 2, leia o texto abaixo:
Brasileiro não gosta de ler?
Não é a primeira vez que falo nesse assunto, o da quantidade assustadora de analfabetos deste nosso Brasil. Não sei bem a cifra oficial, e não acredito muito em cifras oficiais. Primeiro, precisa ser esclarecida a questão do que é analfabetismo. E, para mim, alfabetizado não é quem assina o nome, talvez embaixo de um documento, mas quem assina um documento que conseguiu ler e… entender. A imensa maioria dos ditos meramente alfabetizados não está nessa lista, portanto são analfabetos – um dado melancólico para qualquer país civilizado. Nem sempre um povo leitor interessa a um governo (falo de algum país ficcional), pois quem lê é informado, e vai votar com relativa lucidez. Ler e escrever faz parte de ser gente. […]
Falo da impropriedade, que talvez exista até hoje (e que não era culpa das escolas, mas dos programas educacionais), de fazer adolescentes ler os clássicos brasileiros, os românticos, seja o que for, quando eles ainda nem têm o prazer da leitura. Qualquer menino ou menina se assusta ao ler Machado, Alencar e outros: vai achar enfadonho, não vai entender, não vai se entusiasmar. Para mim, esses programas cometem um pecado básico e fatal, afastando da leitura estudantes ainda imaturos.
Como ler é um hábito raro entre nós, e a meninada chega ao colégio achando livro uma coisa quase esquisita, e leitura uma chatice, talvez ela precise ser seduzida: percebendo que ler pode ser divertido, interessante, pode entusiasmar, distrair, dar prazer. […]
O que é preciso é ler. Revista serve, jornal é ótimo, qualquer coisa que nos faça exercitar esse órgão tão esquecido: o cérebro. Lendo, a gente aprende até sem sentir, cresce, fica mais poderoso e mais forte como indivíduo, mais integrado no mundo, mais curioso, mais ligado. Mas, para isso, é preciso, primeiro, alfabetizar-se, e não só lá pelo Ensino Médio, como ainda ocorre. Os primeiros anos são fundamentais não apenas por serem os primeiros, mas por construírem a base do que seremos, faremos e aprenderemos depois. Ali nasce a atitude em relação ao nosso lugar no mundo, escolhas pessoais e profissionais pela vida afora. Por isso, esses primeiros anos, em que se aprende a ler e a escrever, deviam ser estimulantes, firmes, fortes e eficientes (não perversamente severos). Já se faz um grande trabalho de leitura em muitas escolas. Mas, naquelas em que com 9 ou 10 anos o aluno ainda não usa com naturalidade a língua materna, pouco se pode esperar. E não há como se queixar depois, com a eterna reclamação de que brasileiro não gosta de ler: essa porta nem lhe foi aberta.
LUFT, Lya. Brasileiro não gosta de ler? Veja on-line, São Paulo, 12 ago. 2009. Disponível em:
1) Acerca da compreensão, da interpretação e do tipo de texto, assinale as proposições verdadeiras:
- O domínio da língua materna verifica-se entre 9 e 10 anos.
- A cronista chega à conclusão de que brasileiro não gosta mesmo de ler.
III. Os programas educacionais são criticados por, segundo o texto, não seduzirem os jovens para a leitura.
- A autora defende um ponto de vista e apresenta argumentos em defesa dele.
- A) I.
- B) I e III.
- C) II e IV.
- D) III e IV.
- E) I, II e IV.
2) “A imensa maioria dos ditos meramente alfabetizados não está nessa lista, portanto são analfabetos – um dado melancólico para qualquer país civilizado.” (primeiro parágrafo). Analise o que se pode inferir desse fragmento:
- A autora cai em contradição ao afirmar que pessoas alfabetizadas são analfabetas.
- A cronista considera relevantes os dados oficiais das pesquisas sobre alfabetização.
III. Lya Luft exclui do grupo dos plenamente alfabetizados os que não entendem o que leem.
Está correto apenas o que se afirma em:
- A) I.
- B) II.
- C) III.
- D) I e II.
- E) II e III.
3) (PEP-2019) Leia a tirinha abaixo:
Disponível em: http://s3-sa-east-1.amazonaws.com/descomplica-blog/wp-content/uploads/2016/01/143-401×400.jpg
Com base nos seus conhecimentos sobre relações semânticas da Língua Portuguesa, podemos afirmar que:
- a) A frase não foi bem construída pelo garoto, que tinha a declarada intenção de causar ambiguidade.
- b) Houve um efeito de homonímia perfeita, já que a palavra “vendo” pode significar tanto “vender” quanto “ver”.
- c) Houve um efeito de paronímia, já que as palavras possuem distinções em escrita e pronúncia entre si.
- d) O garoto desconhece claramente a Língua Portuguesa, já que ele não foi claro no texto expresso na placa.
- e) Não houve um caso de polissemia, já que a flexão “vendo” é oriunda apenas do verbo “vender”.
4) Leia o texto abaixo:
Cometa vai passar “perto” da Terra e iluminará céu de verde
Corpo celeste passará a menor distância da Terra da história
Neste sábado, dia 1º de abril, o céu de boa parte do planeta ficará esverdeado devido a um cometa que passará o mais próximo da Terra na sua história. O cometa 41P/Tuttle-Giacobini-Kresak, que começará a ser visível na madrugada deste sábado, no entanto, apenas para o Hemisfério Norte, passará a uma distância de 21 milhões de quilômetros do nosso planeta, cerca de 53 vezes a distância entre a Terra e a Lua, que é de 384 mil km.
Disponível em:
Sobre o texto anterior, é possível afirmar que predomina no texto a função referencial da linguagem, a qual é caracterizada por
- A) transmitir a mensagem de modo objetivo, sem admitir mais de uma interpretação.
- B) deixar transparecer sentimentos e emoções, emitindo opiniões sobre algum assunto.
- C) estabelecer ou manter a comunicação com o leitor, certificando-se de que está em contato.
- D) apresentar palavras escolhidas e dispostas de maneira que o leitor veja mais de um significado.
- E) persuadir o leitor, por meio de ordem, sugestão, convite ou apelo, influenciando o seu comportamento.
5) (ENEM 2020) “O Instituto de Arte de Chicago disponibilizou para visualização on-line, compartilhamento ou download (sob licença Creative Commons), 44 mil imagens de obras de arte em altíssima resolução, além de livros, estudos e pesquisas sobre a história da arte.
Para o historiador da arte, Bendor Grosvenor, o sucesso das coleções on-line de acesso aberto, além de democratizar a arte, vem ajudando a formar um novo público museológico. Grosvenor acredita que quanto mais pessoas forem expostas à arte on-line, mais visitas pessoais acontecerão aos museus.
A coleção está disponível em seis categorias: paisagens urbanas, impressionismo, essenciais, arte africana, moda e animais. Também é possível pesquisar pelo nome da obra, estilo, autor ou período. Para navegar pela imagem em alta definição, basta clicar sobre ela e utilizar a ferramenta de zoom. Para fazer o download, disponível para obras de domínio público, é preciso utilizar a seta localizada do lado inferior direito da imagem.”
A função da linguagem que predomina nesse texto se caracteriza por
- A) evidenciar a subjetividade da reportagem com base na fala do historiador de arte.
- B) convencer o leitor a fazer o acesso on-line, levando-o a conhecer as obras de arte.
- C) informar sobre o acesso às imagens por meio da descrição do modo como acessá-las.
- D) estabelecer interlocução com o leitor, orientando-o a fazer o download das obras de arte.
- E) enaltecer a arte, buscando popularizá-la por meio da possibilidade de visualização on-line.
6) Na frase “O fio da ideia cresceu, engrossou e partiu-se”, ocorre processo de gradação. Não há gradação em:
- a) o carro arrancou, ganhou velocidade e capotou;
- b) o avião decolou, ganhou altura e caiu;
- c) o balão inflou, começou a subir e apagou;
- d) a inspiração surgiu, tomou conta de sua mente e frustou-se;
- e) João pegou um livro e ouviu um disco e saiu.
7) Leia o texto abaixo:
In: Ovo novelo – Poemas Concretistas, de Augusto de Campos.
O uso expressivo do aspecto visual da palavra pelos poetas concretistas revela que
- A) a poesia pode explorar novas possibilidades sem compromissos estéticos com períodos ou escolas.
- B) a estaticidade da arte poética obriga os artistas a prenderem-se a certos modelos e padrões.
- C) o fazer poético enquanto forma de expressão linguística está condicionado por elementos estruturais em detrimento da poeticidade dos textos.
- D) os compromissos estéticos e ideológicos dos artistas limitam as possibilidades do texto, o qual tem que se adequar a certos cânones.
- E) períodos e escolas libertam os artistas, fazendo surgir visões acerca do texto literário sempre mais cristalizadas e classicizantes.
8) Leia o poema “A Rosa Doente”, de William Blake, na tradução de Augusto de Campos (1975):
A respeito das imagens e dos recursos visuais e sonoros empregados pelo tradutor, aponte a alternativa incorreta:
- A) A disposição gráfica dos versos e das palavras, formando uma espiral, retoma a principal figura enfocada pelo poema.
- B) Nos versos Um verme pela treva / Voa invisivelmente / O vento que uiva o leva / ao velado veludo, a sonoridade das palavras simula a atividade dos agentes verme e vento.
- C) O rebuscado desenho das letras selecionadas pelo tradutor quer dar a impressão de que o poema é uma espécie de receita médica, feita em caligrafia ininteligível.
- D) A variação no tamanho das letras cria um efeito visual que reforça a ideia da gravidade da doença que afeta a Rosa.
- E) A Rosa, no poema, pode ser interpretada como metáfora de pessoa vítima de uma paixão secreta.
9) (ENEM 2009) A música pode ser definida como a combinação de sons ao longo do tempo. Cada produto final oriundo da infinidade de combinações possíveis será diferente, dependendo da escolha das notas, de suas durações, dos instrumentos utilizados, do estilo de música, da nacionalidade do compositor e do período em que as obras foram compostas.
Das figuras que apresentam grupos musicais em ação, pode-se concluir que o(os) grupo(s) mostrado(s) na(s) figura(s)
- A) 1 executa um gênero característico da música brasileira, conhecido como chorinho.
- B) 2 executa um gênero característico da música clássica, cujo compositor mais conhecido é Tom Jobim.
- C) 3 executa um gênero característico da música europeia, que tem como representantes Beethoven e Mozart.
- D) 4 executa um tipo de música caracterizada pelos instrumentos acústicos, cuja intensidade e nível de ruído permanecem na faixa dos 30 aos 40 decibéis.
- E) 1 a 4 apresentam um produto final bastante semelhante, uma vez que as possibilidades de combinações sonoras ao longo do tempo são limitadas.
10) (ENEM 2014) Leia o texto abaixo:
Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara na janela em crônica de jornal — eu não fazia isso há muitos anos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônica algumas vezes também é feita, intencionalmente, para provocar. Além do mais, em certos dias mesmo o escritor mais escolado não está lá grande coisa. Tem os que mostram sua cara escrevendo para reclamar: moderna demais, antiquada demais. Alguns discorrem sobre o assunto, e é gostoso compartilhar ideias. Há os textos que parecem passar despercebidos, outros rendem um montão de recados: “Você escreveu exatamente o que eu sinto”, “Isso é exatamente o que falo com meus pacientes”, “É isso que digo para meus pais”, “Comentei com minha namorada”. Os estímulos são valiosos pra quem nesses tempos andava meio assim: é como me botarem no colo — também eu preciso. Na verdade, nunca fui tão posta no colo por leitores como na janela do jornal. De modo que está sendo ótima, essa brincadeira séria, com alguns textos que iam acabar neste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo a sério ser sério… mesmo quando parece que estou brincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Como escrevi há muitos anos e continua sendo a minha verdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar.
LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2004.
Os textos fazem uso constante de recursos que permitem a articulação entre suas partes. Quanto à construção do fragmento, o elemento
- A) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janela em crônica de jornal”.
- B) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem no colo”.
- C) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”.
- D) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo para meus pais”.
- E) “essa” recupera a informação anterior “janela do jornal”.
11) (EPCAR/Adaptada) Leia o texto da canção “O Sal da Terra”, de Beto Guedes e Ronaldo Bastos:
Anda, quero te dizer nenhum segredo
Falo desse chão da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar
Tempo, quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir
Vamos precisar de todo mundo
Pra banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver
A paz na terra amor
O sal na terra
A paz na terra amor
O sal da
Terra, és o mais bonito dos planetas
Tão te maltratando por dinheiro
Tu que és a nave nossa irmã
Canta, leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com seus frutos
Tu que és do homem, a maçã
Vamos precisar de todo mundo
Um mais um é sempre mais que dois
Para melhor construir a vida nova
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem depois
Deixa fluir o amor
Deixa crescer o amor
Deixa fluir o amor
O sal da terra
Leia as afirmativas seguintes acerca do texto “O Sal da Terra”.
- O locutor esboça sua preocupação com as gerações futuras e considera fundamental pautar suas ações no sentido de construir-lhes um lugar melhor para viver.
- A “paz na terra” depende tanto do cuidado com a natureza quanto do fim da ganância e das desigualdades sociais.
III. O emissor da mensagem em “Quero não ferir meu semelhante/Nem por isso quero me ferir” argumenta que pensar no bem-estar alheio é prejudicial ao indivíduo.
IV.A necessidade de mudanças na preservação do planeta não é uma novidade, mas o locutor exorta todos a realizá-las o mais rápido possível.
As inferências corretas são apenas
- A) I, III e IV.
- B) I, II e IV.
- C) II, III e IV.
- D) I e IV.
- E) II e III.
12) O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
No romance Grande sertão: veredas, o protagonista Riobaldo narra sua trajetória de jagunço.
A leitura do trecho permite identificar que o desabafo de Riobaldo se aproxima de um(a):
- A) diário, por trazer lembranças pessoais.
- B) fábula, por apresentar uma lição de moral.
- C) notícia, por informar sobre um acontecimento.
- D) aforismo, por expor uma máxima em poucas palavras.
- E) crônica, por tratar de fatos do cotidiano.
13)
ECKHOUT, A. “Índio Tapuia” (1610-1666). Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 9 jul. 2009.
A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.
CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago. 2009.
Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que
- A) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do movimento romântico das artes plásticas.
- B) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso.
- C) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras que sofreriam processo colonizador.
- D) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena.
- E) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto da catequização jesuítica.
14) (ENEM 2017)
O consumidor do século XXI, chamado de novo consumidor social, tende a se comportar de modo diferente do consumidor tradicional. Pela associação das características apresentadas no diagrama, infere-se que esse novo consumidor sofre influência da
- A) cultura do comércio eletrônico.
- B) busca constante pelo menor preço.
- C) divulgação de informações pelas empresas.
- D) necessidade recorrente de consumo.
- E) postura comum aos consumidores tradicionais.
- Leia o texto, referente a canção “Milho Aos Pombos”, de Zé Geraldo, gravada em 1981:
Enquanto esses comandantes loucos
Ficam por aí queimando pestanas
Organizando suas batalhas
Os guerrilheiros nas alcovas
Preparando na surdina suas mortalhas
A cada conflito mais escombros
Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
Dando milho aos pombos
Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
Dando milho aos pombos
Entra ano, sai ano, cada vez fica mais difícil
O pão, o arroz, o feijão, o aluguel
Uma nova corrida do ouro
O homem comprando da sociedade o seu papel
Quando mais alto o cargo maior o rombo
Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
Dando milho aos pombos
Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
Dando milho aos pombos
Eu dando milho aos pombos no frio desse chão
Eu sei tanto quanto eles se bater asas mais alto
Voam como gavião
Tiro ao homem tiro ao pombo
Quanto mais alto voam maior o tombo
Eu já nem sei o que mata mais
Se o trânsito, a fome ou a guerra
Se chega alguém querendo consertar
Vem logo a ordem de cima
Pega esse idiota e enterra
Todo mundo querendo descobrir seu ovo de Colombo
De acordo com o texto, pode-se inferir que o autor:
- A) apresenta como a população revolta-se diante das injustiças sociais sofridas.
- B) ilustra com perfeição uma cena cotidiana, com um homem numa praça dando milho aos pombos.
- C) representa de forma fiel um acontecimento trágico que ocorre ao redor do eu lírico.
- D) demonstra consciência total do eu lírico diante das injustiças sofridas na sociedade.
- E) expressa a ignorância e o descaso das pessoas diante das iniquidades e violências existentes.
16) Leia o trecho abaixo, retirado da canção “Jorge Maravilha”, escrita por Chico Buarque em 1973 sob o pseudônimo de Julinho de Adelaide:
E nada como um tempo após um contratempo
Pro meu coração
E não vale a pena ficar, apenas ficar
Chorando, resmungando, até quando, não, não, não
E como já dizia Jorge Maravilha
Prenhe de razão
Mais vale uma filha na mão
Do que dois pais voando
Você não gosta de mim, mas sua filha gosta
Você não gosta de mim, mas sua filha gosta
Disponível em: https://www.letras.mus.br/chico-buarque/45141/
Nos trechos destacados, encontramos a seguinte sequência de figuras de linguagem:
- a) aliteração/elipse/antítese.
- b) assonância/elipse/paradoxo.
- c) assonância/elipse/antítese.
- d) aliteração/zeugma/paradoxo.
- e) aliteração/elipse/paradoxo.
17) (UECE 2018.1 – 1ª Fase/Adaptada)
A maior riqueza
do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
– eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 horas da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu preciso
ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas.
BARROS, M. Retrato Do Artista Quando Coisa. Rio de Janeiro: Editora Record, 1998.
A utilização de figuras de linguagem ocorre, de maneira muito particular, na escrita literária. Sobre o uso desse recurso no poema de Manoel de Barros, identifica-se
- a) a metáfora no verso “Mas eu preciso ser Outros” (linhas 126-127) relativa à analogia que se faz entre o poeta ser ele mesmo e ser outro.
- b) o oximoro em “A maior riqueza do homem é sua incompletude” (linhas 110-112), pela contradição de sentidos presente no enunciado.
- c) a hipérbole no trecho “Palavras que me aceitam como sou — eu não aceito” (linhas 115-117), em razão de aí haver o desejo do enunciador em engrandecer a verdade dos fatos.
- d) a prosopopeia no enunciado “Eu penso renovar o homem usando borboletas” (linhas 128-130), em que há uma atribuição da função humana a um ser não humano.
- e) a aliteração no trecho: “que vê a uva etc. etc.”, em razão da constante repetição de vogais no decorrer do excerto.
18) (ENEM 2013)
Disponível em: http://orion-oblog.blogspot.com.br. Acesso em: 6 jun. 2012 (adaptado).
O cartaz aborda a questão do aquecimento global. A relação entre os recursos verbais e não verbais nessa propaganda revela que
- A) o discurso ambientalista propõe formas radicais de resolver os problemas climáticos.
- B) a preservação da vida na Terra depende de ações de dessalinização da água marinha.
- C) a acomodação da topografia terrestre desencadeia o natural degelo das calotas polares.
- D) o descongelamento das calotas polares diminui a quantidade de água doce potável do mundo.
- E) a agressão ao planeta é dependente da posição assumida pelo homem frente aos problemas ambientais.
19) (UNIMEP) Na primeira metade do século XIX, a discordância entre a literatura e a modernização presentifica-se de maneira nítida e profunda. Pelas obras literárias, percebe-se uma cosmovisão marcada pelo choque com o cotidiano imediato e as evidências de um mal-estar, que passou a ser conhecido como o mal do século. Os textos revelam uma ânsia de evasão deste presente circunstancial e descolorido. Na busca de compreensão, o artista valoriza a imaginação criadora: a arte se converte em manifestação da alma… e, assim, tem-se o
- A) Simbolismo.
- B) Parnasianismo.
- C) Romantismo.
- D) Barroco.
- E) Pré-Modernismo.
20) – Gosta de pássaros, senhor Ayrton? – perguntou-me num gracioso sorriso.
Confesso que eu até ignorava a existência de pássaros no mundo. A minha vida de cidade, no corre-corre das ruas desde menino, sem nunca umas férias passadas no campo, impedia-me de prestar atenção a essas vidinhas aladas, que constituem um dos enlevos dos contemplativos.
– Gosto, sim, senhora – respondi eu –, se bem que em matéria de pássaros só me lembre de um periquito vítima duma menina filha lá da firma.
LOBATO, Monteiro. O Presidente Negro, Ed. Globo, p. 41 e 42. Cap. IV: Miss Jane.
O excerto da obra impressionista de Monteiro Lobato (1882-1948), O Presidente Negro, publicada em 1926, nos autoriza considerar o narrador autodiegético (narrador-personagem) aos moldes
- A) realistas, visto que se isenta de idealizações da natureza e do amor, em predileção ao exercício da criticidade referente às mazelas citadinas .
- B) românticos, eis que idealiza a figura feminina, ao considerar sua interlocutora detentora de um “gracioso sorriso”.
- C) modernos, posto que há nítida valorização ao dinamismo urbano naquela fase inicial do séc. XX.
- D) neoclássicos, precisamente pela iniciativa de se buscar compreensão dos valores bucólicos.
- E) oníricos, tipicamente simbolistas, sobretudo devido à alusão a “alados” e “contemplativos”.
GABARITO
1. D 2. C 3. B 4. A 5. C 6. E 7. A 8. C 9. A 10. A 11. B 12. D 13. C 14. A 15. E 16. B 17. B 18. E 19. C 20. C