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Explicando o conflito entre Rússia e Ucrânia que originou a invasão ao país

Invasão da Ucrânia - Evento gera repercussão internacional e medo de uma terceira guerra mundial

Um evento com dimensões internacionais e importância gigante, ocorrendo no ínicio do ano, antes do desenvolvimento da próxima prova, a invasão da Ucrânia tem tudo para ser cobrado no próximo ENEM, pensando nisso a equipe do Clique Vestibular pediu a professor Helder Carneiro (História) e Juciler Marques (Geografia).

Confira abaixo os resumos de cada professor:

Conflito na Ucrania

Prof. Juciler Marques (Geografia)

Explicando o conflito entre Rússia e Ucrânia que originou a invasão ao país

Quando falamos do conflito que está acontecendo no leste europeu é inevitável que façamos relação  com o período da “Guerra Fria”, momento em que a divisão geopolítica do mundo em Estados Unidos da América e União Soviética causava arrepios na população, o medo de um possível combate utilizando armas nucleares aguçava o imaginário da população que acreditava ser o fim do mundo caso acontecesse a 3ª Guerra Mundial, mesmo com o fim da União Soviética em 1991 as arestas nunca foram aparadas e sempre que escutamos notícias relacionadas a essas potências volta o temor de um possível embate. 

Apesar da Ucrânia não fazer parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), sua aproximação com lado ocidental fez a Rússia sentir necessidade de dominar pontos estratégicos não deixando que inimigos antigos garantam bases militares tão próximo de suas fronteiras, o conflito ganhou força em 2014 quando Rússia anexa à região da Crimeia justificando que estava protegendo cidadãos russos que vivem na região, atualmente com início da ofensiva nas províncias separatistas de Donetsk e Lugansk, onde segundo o governo russo reconheceu a independência e está enviando tropas para proteção da população na região, fez com que o mundo volte a temer uma 3ª Guerra Mundial.

Será que veremos uma 3ª guerra mundial?  Se analisarmos de forma minuciosa acredito que dificilmente os Estados Unidos entraria em um conflito contra Rússia para que a Ucrânia mantenha sua soberania territorial, a tendência é que Joe Biden aumente cada vez mais sanções e realize alertas contra uma possível invasão russa a países que façam parte da OTAN, mas nada perto de um combate real entre os exércitos das duas potências bélicas. Torna-se inviável para comunidade europeia realizar sanções mais fortes tendo em vista que o inverno no continente europeu está próximo e parte da União Europeia depende do gás natural produzido na Rússia.

Invasão Russa na Ucrânia – Entendendo a Guerra

Prof. Helder Carneiro (História)

Ucrânia e sua Crise

A Ucrânia era uma das 15 republicas da ex-URSS e depois da Rússia era a nação mais rica e mais populosa. Ela constitui uma nação bastante industrializada, autossufiente em energia elétrica e nuclear e uma das maiores produtoras de trigo e aço do mundo. Com o desmonte da URSS, em dezembro de 1991, ela passa a fazer parte da Comunidade de Estados Independentes, composta por 11 da 15 ex-repúblicas soviéticas. Desde então a Ucrânia vive dividida entre a influência da Rússia e a do Ocidente (União Europeia e Estados Unidos). O país pende ora para um lado, ora para o outro, tanto que sua classe política é dividida entre os que são pró-Rússia (caso do candidato Viktor Yanukovych) e os pró-europeu (caso de Yulia Tymoshenko). Em 2002 o país assinou uma aliança com a Otan (pacto militar do Ocidente, anti-Rússia no período da guerra fria), o que irritou Moscou. É bom lembrar que cerca de 17% da população ucraniana são de etnia russa – os eslavos – e um terço fala o russo como primeira língua. Portanto possui laços históricos com o antigo país invasor (no século 19 as regiões da atual Ucrânia foram anexadas pelo império russo e pelo império austro-húngaro). Contudo continua seu namoro com o ocidente.

União Europeia e Ucrânia

A União Europeia sofre pressão dos EUA para se aproximar da Ucrânia, na tentativa de diminuir a influência russa na Europa. Mas os europeus são cautelosos, já que boa parte do continente é dependente do gás russo.  Não é a primeira vez que a situação na Ucrânia é tensa de resistência a influência russa. No inverno de 2004-2005 centenas de milhares foram as ruas e enfrentaram as forças do governo na chamada revolução laranja. A Revolução Laranja foi uma série de protestos que ocorreram entre novembro de 2004 e janeiro de 2005, após as eleições presidenciais de 2004 na Ucrânia. O nome “laranja” vem da cor que os manifestantes do movimento adotaram.

Na votação, concorriam Viktor Yushchenko e Viktor Yanukovych. O resultado foi favorável para Yanukovych, visto como apoiador da Rússia. No entanto, as eleições foram marcadas por ampla fraude, intimidações e irregularidades observadas por entidades locais e internacionais. A série de protestos também levou a greves gerais e atos de desobediência civil. A Suprema Corte da Ucrânia ordenou então que a votação fosse anulada em 26 de dezembro de 2004 e estabeleceu um segundo turno. Na segunda votação, Yushchenko venceu com 52% dos votos e Yanukovych ficou com 44%. O vencedor foi anunciado em 23 de janeiro de 2005 em Kiev e o ato marcou o fim da Revolução Laranja. Centenas de milhares vão há semanas às ruas de Kiev, em protesto em prol de uma aproximação com a União Europeia.

Crise atual

A onda de manifestações na Ucrânia teve início depois que o governo desistiu de assinar, em 21 de novembro de 2013, um acordo de livre-comércio e associação política com a União Europeia, alegando que decidiu buscar relações comerciais mais próximas com a Rússia. Na verdade era mais uma vez a Rússia que interferiu pedindo para que a assinatura do acordo fosse adiada. A Rússia chantageou a Ucrânia ameaçando cortar o fornecimento de gás e tomar medidas protecionistas contra acesso dos produtos ucranianos ao seu mercado, o que irritou mais ainda a população que apoia a aproximação com a União Europeia. A partir daí milhares de ucranianos favoráveis à adesão à União Europeia tomaram as ruas de Kiev para exigir o presidente voltasse atrás na decisão e retomasse negociações com o bloco. Os protestos se intensificaram ao longo dos últimos dois meses com a resistência do governo. Centenas de milhares ocuparam as ruas de Kiev e de outras importantes cidade no gelado inverno ucraniano, houve ocupação de prédios do governo, constantes enfrentamentos com a polícia, prisões, torturas e mortes. Os grupos oposicionistas passaram a exigir a renúncia do presidente e do primeiro-ministro, que, segundo eles, seriam responsáveis por deixar a Ucrânia dependente da Rússia e isolada da Europa.

Quem são os manifestantes?

Os manifestantes são principalmente da capital Kiev e do oeste da Ucrânia, e os manifestantes são em sua maioria ucranianos mais “ocidentalizados”, e não aqueles de origem russa que se concentram no leste e no sul do país. Um dos principais nomes é Vitali Klitschko, campeão de boxe que se transformou em líder opositor de um movimento chamado Udar (soco). Ele planeja concorrer à presidência da Ucrânia em 2015, com o lema “um país moderno com padrões europeus”.

Qual a influência da Rússia?

Para analistas, a decisão do governo de suspender a negociações pela entrada na UE se deve diretamente à forte pressão da Rússia. A Rússia adotou medidas como inspeções demoradas nas fronteiras e o banimento de doces ucranianos, além de ter ameaçado com várias outras medidas de impacto econômico. A Ucrânia está em uma longa disputa com Moscou sobre o custo do gás russo. Além disso, no leste do país – onde ainda se fala russo – muitas empresas dependem das vendas para a Rússia. Por séculos, a Ucrânia foi dominada por Moscou e muitos russos entendem que o vizinho do leste ainda é vital para seus interesses.

Está em jogo uma reordenação geopolítica que tende a um novo equilibro de forças multilaterais, tendo a Rússia e China como atores chaves nesse novo cenário que desponta.  Não há espaço para maniqueísmos. A situação é grave e a população civil deverá pagar um preço muito caro.

Fontes:

G1 Notícias;

CNN Brasil;

BBC;

Agência Brasil;

The New York Times;

Explicação por animação

Tiktok: Pedro Daher

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