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Arte Contemporânea no Brasil

Arte brasileira: o legado de Hélio Oiticica e Lygia Clark

A arte contemporânea brasileira foi influenciada pelas vanguardas europeias, e dois dos seus maiores nomes são Hélio Oiticica e Lygia Clark. Ambos os artistas foram pioneiros em romper com a noção tradicional de objeto de arte e transformar o espectador em participador da obra, promovendo uma nova atitude ética e de participação coletiva.

Hélio Oiticica

Hélio Oiticica, além de pintor e escultor, foi um artista performático e anarquista que propôs a Teoria do não-objeto, na qual o objeto não era mais visto como uma peça contemplativa, mas sim como uma passagem para a arte que afeta comportamentos. Sua obra tinha uma dimensão ética, social e política que levava o indivíduo a experimentar a liberdade de forma experimental.

Em 1967, Oiticica desenvolveu o conceito de “suprasensorial”, que propunha experiências para dilatar as capacidades sensoriais do participador, levando-o à descoberta do seu centro criativo interior e da sua espontaneidade expressiva adormecida. A partir da experiência com a dança e o samba no Morro da Mangueira, Oiticica criou as capas coloridas do parangolé, que dissolveram as fronteiras entre arte e corpo, artista e espectador, obra e espectador.

Os Labirintos Públicos de Oiticica são instalações que visam preencher o espaço de subjetividade individual, invocando a auto performance livre e o tempo próprio de cada indivíduo. São lugares onde o próprio indivíduo é artista de si mesmo, e que propõem um momento de lazer desprogramado.

O Movimento tropicalista, também conhecido como Tropicália, surgiu no Brasil sob a influência das correntes artísticas da vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira. O movimento misturou manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas radicais, com objetivos comportamentais.

Lygia Clark

Lygia Clark, por sua vez, se auto intitulava “não artista” e se dedicou ao estudo de escadas e desenhos de seus filhos, realizando seus primeiros óleos. Em 1959, integrou a I Exposição de Arte Neoconcreta e propôs que a pintura não se sustentava mais em seu suporte tradicional, buscando novos voos.

A experiência com a maleabilidade de materiais duros converteu-se em material flexível, e Lygia Clark chegou à borracha na “Obra Mole, 1964”. A transferência de poder, do artista para o propositor, permitiu ao público interagir com a obra, na série “os bichos” com a possibilidade de pegar o objeto e brincar com ele de modo individual e singular.

Lygia estabeleceu um vínculo com a vida, e podemos ver isso em obras como o “Campos Sensoriais”, que propunha uma experiência tátil e interativa para o participador. 

Lygia Clark também desenvolveu a técnica da “abertura sensorial”, que consistia em estimular o corpo do participante através de toques e objetos, fazendo com que ele explorasse suas sensações e percepções. Além disso, ela criou diversas outras obras que buscavam essa interação e participação ativa do espectador, como “Bichos” e “Casulos”.

A preocupação de Lygia Clark com a vida e a relação do indivíduo com o mundo também se manifestou em sua obra escrita, como em seu livro “O Eu e o Inconsciente”, em que ela reflete sobre a importância da arte como meio de expressão e comunicação.

Lygia Clark é considerada uma das artistas mais importantes do movimento neoconcreto, que surgiu no Brasil na década de 1950, e que buscava romper com o formalismo e a rigidez do concretismo, trazendo a subjetividade e a experimentação para a arte. Seu legado continua inspirando artistas e pensadores até hoje.