Movimento artístico-cultural entre o final do séc. 16 e a metade do séc. 18. Teve êxito na música, nas artes plásticas e na literatura.
Também integra a Era clássica (Classicismo, Barroco e Arcadismo), mas representa um desvio da orientação clássica, já que procura fundir a experiência renascentista ao reavivamento da fé cristã medieval. É a expressão da crise espiritual vivida pelo homem do séc. 17.
Era uma arte popular, contudo da aristocracia (nobreza e alto clero) provinha os artistas ou os mecenas que financiavam os artistas. Luxuosidade e pompa, cultismo e conceptismo.
– Cultismo – tendência de efeito sensorial na linguagem: cor, forma, cheiro, sonoridade, isto é, recursos que sugeriam a superação dos limites da realidade.
– Conceptismo – tendência que explora o extrato de significação das palavras, tais como, ambigüidade, jogo de palavras e de raciocínios, agudezas e sutilezas de pensamentos, alegorias, etc.
Cultismo – melhor na poesia, e conceptismo na prosa. Ou as duas no mesmo estilo.
Contraditória como a mentalidade do séc. 17, pois é fruto de duas concepções distintas da vida e do mundo: a medieval e a renascentista.
– política – centralização total (Absolutismo) do poder para os reis, que se considerava o representante de Deus na Terra.
– econômico – Revolução Comercial, cuja política econômica era o mercantilismo, que se baseava no metalismo, na balança de comércio favorável e no acúmulo de capitais.
– sociedade – 3 camadas sociais: clero, nobreza e o 3º Estado – este formado pela burguesia, artesãos e camponeses.
– espiritual – O séc. 17 é marcado pelo reflexo das crises religiosas do séc. anterior: a Reforma (1517) e a Contra-Reforma (1563).
A Reforma representa a cisão da Igreja Cristã, que dá origem ao Protestantismo e a uma verdadeira revolução religiosa na Europa. A Contra-Reforma, é uma reação da Igreja Católica, que visa combater a expansão do Protestantismo e recuperar as áreas de domínio protestante.
Características: gosto pelas contradições e idéias opostas.
Politicamente o homem da Idade Média sentia-se reprimido, mas economicamente sentia-se livre para enriquecer, apesar da possibilidade da ascensão econômica, ele não poderia ter ascensão social. Espiritualmente, ao mesmo tempo que a Revol. Comercial e o mercantilismo proporciona riquezas, a Contra-Reforma estimula a vida espiritual simples.
Temas: que refletem estados de tensão da alma: vida e morte, matéria e espírito, amor platônico e
As sugestões sensoriais traduzem a inclinação fantasiosa e contraditória do homem barroco.
RENASCIMENTO | BARROCO |
1) Linear, sentida pela mão. | 1) Pictórica, seguida pela vista. |
2) Composta em plano, de jeito a ser sentida. | 2) Composta em profundidade, de jeito a ser seguida. |
3) Partes coordenadas de igual valor. | 3) Partes subordinadas a um conjunto. |
4) Fechada, deixando fora o observador | 4) Aberta, colocando dentro o observador. |
5) Claridade absoluta. | 5) Claridade relativa |
Ê BARROCO NO BRASIL
Tradicionalmente seu marco inicial é a publicação do épico Prosopopéia (1601), de Bento Teixeira, um poema feito à cópia de Os Lusíadas, sem qualquer valor literário hoje.
A literatura Brasileira estava muito ligada à Portuguesa, por isso não atribui-se ao Brasil um Barroco, apenas “ecos do Barroco’, devido sua condição de colônia, a não existência de um público leitor ativo e influente, grupos de escritores atuantes, vida cultural rica e abundante, sentimento de nacionalidade, imprensa, gráficas e liberdade de expressão.
Somente na segunda metade do séc. 18, com a fundação de cidades e centros comerciais ligados à extração de ouro, em MG e o surgimento de escritores comprometidos com as causas políticas de independência (Inconfidência Mineira) é que se criaram condições necessárias para a formação de uma literatura brasileira, porém só no séc. 19 com a independência política de 1822 e a dinamização da vida cultural é que tal fenômeno se verificará.
Escritores barrocos que se destacaram no Brasil foram:
Poesia ê Gregório de Matos, Bento Teixeira, Botelho de Oliveira e Frei Itaparica.
Prosa ê Pe. Antônio Vieira, Sebastião da Rocha Pita e Nuno Marques Pereira.
Gregório de Matos – poeta baiano, foi o principal, além de desenvolver a lírica amorosa e religiosa dos modelos europeus, criou uma poesia voltada para a crítica à sociedade, fundando a tradição satírica na poesia brasileira. Foi conhecido como “O Boca do Inferno”, chegou a ser no séc. 18 um dos precursores da poesia moderna do séc. 20.
Na poesia lírica, religiosa, a amorosa e a filosófica. Na amorosa, percebe-se o dualismo amor carnal/espiritual, personificado pela mulher, misto de anjo idealizado e de demônio sedutor.
– O barroco manteve profundas ligações com o movimento de restauração da Igreja – a Contra-Reforma.
Pe. Antônio Vieira – Português de origem, no Brasil estudou com os jesuítas, foi preso pela Inquisição, acusado de ligações heréticas com o sebastianismo ( mito português nascido em torno do desaparecimento do rei D. Sebastião, na guerra de Alcácer-Quibir) e de defender os cristãos novos.
Cristão novos – judeus convertidos ao cristianismo por medo das perseguições.