De acordo com o filósofo alemão Arthur Schopenhauer, “o homem toma os limites do seu próprio campo de visão como os limites do mundo”. Atualmente, essa conduta é potencializada pela seleção parcial dos dados expostos na internet decorrente da influência global das indústrias capitalistas. Tal realidade, uma vez desconhecida pela população, pode influenciar e manipular o comportamento do usuário de maneira despercebida e prejudicar o seu senso crítico, inibindo, assim, a plena liberdade de escolha. Diante disso, faz-se necessária a adoção de medidas capazes de assegurar esse direito civil aos brasileiros.
A princípio, é importante ressaltar a intrínseca relação entre a alienação e a interferência na conduta do indivíduo. De fato, o processo de filtração dos dados expostos virtualmente é desconhecido em parte, senão todo, pela população. Nesse contexto, segundo o escritor brasileiro Gilberto Dimenstein, só existe opção quando há informação. Sob essa ótica, observa-se que o indivíduo, ao ser privado — mesmo que parcialmente — do conhecimento, não possui as ferramentas fundamentais para tomar uma decisão consciente. Por conseguinte, os usuários da internet, com sentimento de liberdade ilusório, assumem comportamentos não naturais, mas sim induzidos pela seleção das informações disseminadas.
Vale analisar, ainda, a influência das empresas multinacionais e internacionais como fator preponderante para a manipulação do indivíduo a partir dos conteúdos expostos. Nesse viés, o fenômeno da “Aldeia Global“, proposto pelo filósofo canadense Marshall McLuhan, expressa a ideia de que, com a dinamização dos meios de comunicação, evidencia-se o constante acesso a novos conhecimentos. Contudo, em vista do poder do capital sobre tais meios, esse processo tende a priorizar a disseminação de dados os quais convém serem expostos em consonância com os interesses empresariais. Com efeito, percebe-se um entrave para a democracia virtual, pois diretrizes privadas não precisam, necessariamente, atender ao papel social do acesso pleno à informação. Dessa forma, os internautas são vistos apenas como potenciais consumidores e, com o uso de propagandas e notícias filtradas, tornam-se peões no jogo chamado “capitalismo“, no qual os jogadores são as empresas e o prêmio é o lucro.
Fica claro, portanto, que medidas são necessárias a fim de atenuar a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. Logo, é imperativo que o Ministério da Educação, junto aos veículos midiáticos, mobilize-se por meio de palestras e campanhas sociais as quais atentem para a filtração virtual das informações. Isso ocorrerá com o propósito de aprimorar o senso crítico da população e, então, reduzir a influência das empresas globais sobre suas ações. Ademais, cabe ao Legislativo brasileiro propor leis de regulamentação com o intuito de promover a democracia nos meios de comunicação. A partir dessas intervenções, será possível que os brasileiros enxerguem o mundo sem os limites impostos por sua visão ou pela seleção de conteúdos na internet.