Os protozoários são organismos eucariontes, e compreendem mais de 50.000 espécies, muitas das quais são aparentadas entre si, enquanto outras evoluíram de maneira independente, provavelmente de algum grupo eucarionte ancestral. A característica única que nos permite agrupar todas estas formas, inclusive grande parte das algas, dentro de um Reino denominado Protista, é o fato destes organismos serem unicelulares, ou seja, possuírem uma membrana, a qual abriga diversas organelas celulares.
Os protozoários podem ser classificados de acordo com as suas estruturas locomotoras, assim, eles podem ser divididos em cinco grupos principais, à saber:
Mastigophora ou flagelados (apresentam um ou mais flagelos em forma de chicote) Ex: Euglena, Volvox, Leishmania, Trypanossoma e dinoflagelados.
Sarcodina ou Rizópodos (emitem pseudópodos) Ex: amebas, foraminíferos, radiolários, heliozoários.
Opalinata (multinucleados, com cílios em séries oblíquas), comensais de anuros, principalmente. Ex: Opalina e Zelleriella.
Sporozoa (sem organelas locomotoras). Ex: Plasmodium, Toxoplasma, e Gregarina.
Ciliata (apresentam cílios locomotores durante toda a vida ou quando jovens). Ex: Didinium, Diplodinium, Tetrahymena, Paramecium e Pleuronema .
Os protozoários formam um grupo extremamente diverso quanto a muitos aspectos da morfologia, da simetria, e quanto a outras complexidades estruturais internas. Estão adaptados a todas as condições ambientais. Suas organelas e seus citoesqueletos evoluíram sobremaneira, quanto a forma e o número, com especializações diversas, da mesma maneira que os tecidos e os órgãos nos animais metazoários. Como veremos mais adiante, apesar de serem organismos unicelulares, as estruturas internas e externas dos protozoários são tão complexas que muitas vezes podemos distinguir “boca”, “faringe” e “ânus”, bem como, fibras contráteis com a mesma função dos tecidos musculares nos metazoários (Diplodinium ecaudatum). A maioria dos protozoários são organismos de vida livre, habitantes dos mares, rios e lagos, bem como, de ambientes terrestres úmidos e até de matérias orgânicas em decomposição. Existem também protozoários sésseis e coloniais, como Volvox. Temos também muitos protozoários (flagelados) que vivem em simbiose com insetos, como baratas e cupins, auxiliando na digestão da celulose. Alguns protozoários são causadores de doenças infecto-contagiosas importantes para o homem. Assim temos o Plasmodium (Sporozoa), causador da malária que é transmitida por Anopheles, seu hospedeiro. Trypanosoma (flagelado), pode causar a doença de Chagas e a doença do sono, transmitidas por Triatoma (barbeiro) e Glossina (mosca tsé-tsé), respectivamente. Leishmania (Flagelado) pode causar doenças de pele como a leishmaniose, transmitidas pelo mosquito Phlebotomus.
Aspectos gerais da anatomia e fisiologia dos protozoários
Os protozoários possuem uma membrana de duas camadas lipídicas. As organelas presentes são semelhantes àquelas das células dos metazoários: um ou mais núcleos, vacúolos, mitocôndrias, lisossomas, etc. A flexibilidade do corpo dos protozoários é devida a natureza do citoplasma, que pode ser mais gelatinoso na região cortical e mais fluído internamente. Em muitos grupos pode ocorrer a presença de uma carapaça externa, ou concha, as vezes formada por matérias inorgânicas, ou por celulose, ou mesmo por partículas estranhas que são aglutinadas.
Muitos protozoários que vivem na matéria orgânica em decomposição e mesmo aqueles que vivem no trato digestivo de outros animais, sobrevivem com pouco ou nenhum oxigênio, o que os caracteriza como organismos anaeróbios facultativos, ou seja, se há oxigênio, eles utilizam, se não há, eles tornam-se anaeróbios. O metabolismo dos protozoários produz principalmente amônia que é prontamente excretada para o meio externo, sendo que a quantidade eliminada varia diretamente com a quantidade de proteína consumida.
Uma das principais características de muitos protozoários é a presença do vacúolo contrátil, um sistema formado por um vacúolo central cercado por pequenas vesículas denominadas espongiomas. A função principal deste complexo é o controle osmótico, ou seja, eliminar o excesso de água para fora do organismo. Assim, as vesículas coletam a água que é eliminada dentro do vacúolo contrátil, e deste é eliminada para o meio, por um poro temporário ou permanente. Em certos protozoários como as amebas e os flagelados, o vacúolo desaparece completamente quando da eliminação da água ou dos excretas, sendo que depois é novamente reconstruído pela fusão das pequenas vesículas. Em muitos ciliados, na mesma situação, o vacúolo entra em colapso e depois é novamente preenchido com líquidos eliminados pelas vesículas.
Quanto a nutrição sabemos que existem algumas formas de protozoários que são autotróficas ou saprozóicas. A maioria, entretanto, ingere partículas de alimento ou mesmo presas e as digerem intracelularmente, dentro de seus vacúolos contráteis. De maneira geral o protozoário engolfa a presa por fagocitose, como fazem as amebas, e o alimento chega, assim, até o vacúolo, através de uma “boca” ou citóstoma. Durante o processo digestivo o vacúolo sofre uma série de transformações quanto ao pH e quanto ao tamanho. Numa primeira fase da digestão o vacúolo se apresenta com pH extremamente ácido, e com o seu tamanho, diminuindo à medida que o excesso de água vai sendo eliminado. Em seguida os lisossomos eliminam no vacúolo, enzimas hidrolíticas o que faz o vacúolo aumentar de tamanho e diminuir o seu pH, que, agora, se torna alcalino. As enzimas digerem o conteúdo do vacúolo, e os produtos da digestão passam para o citoplasma por pinocitose; a matéria não digerida é expelida para o meio através de uma abertura chamada citopígeo.
A reprodução e o ciclo de vida nos protozoários são muito diversificados. A maioria desses organismos se reproduzem assexualmente, assim, um indivíduo pode se dividir em duas ou mais células filhas, fenômeno denominado de fissão. Quando deste processo resulatm indivíduos similares quanto ao tamanho, temos uma fissão (divisão) binária. Se, de outra maneira, os indivíduos resultantes forem de tamanhos bem diferentes temos a divisão por brotamento. Outro caso muito comum é a chamada esquizogonia, onde a célula passa por uma série de divisões nucleares que culmina numa divisão celular que leva a formação de vários indivíduos. Certos protozoários também reproduzem-se sexualmente. Assim podemos ter a formação de gametas (isogametas ou anisogametas), cuja fusão levará a formação de um indivíduo diplóide, o qual logo em seguida produzirá esporos por meiose; estes, fechando o ciclo, irão produzir gametas por mitose. Outro processo de reprodução sexual bem conhecido é a conjugação, comum nos paramécios, onde dois indivíduos aderem um ao outro e depois de uma série de transformações nucleares que culminam com a formação de núcleos de tamanhos diferentes, permutam seus núcleos menores. Cada núcleo migrante fusiona-se com o núcleo estacionário para formar um núcleo do zigoto em cada paramécio. Logo após os dois indivíduos se separam e cada um sofre uma série de divisões nucleares e celulares que levam a formação de vários indivíduos geneticamente modificados pela permuta e posterior fusão dos núcleos.
Outra característica do ciclo reprodutivo de muitos protozoários, principalmente os de água doce, é o encistamento. Durante períodos de condições ambientais desfavoráveis certos protozoários secretam uma substância que forma um cisto protetor, o qual envolve todo o seu corpo, protejendo-os contra a dessecação e contra as baixas temperaturas. O encistamento, nos protozoários pode ser mais complexo, ocorrendo a formação de zigotos encistados ou mesmo a formação de cistos reprodutivos em que a fissão, a gametogênese ou outros processos reprodutivos estão presentes.