Na transição para a década de 1990, o Brasil experimentou um momento de significativa transformação política com a ascensão meteórica de Fernando Collor. Sua trajetória impressionante, iniciada com a vitória na primeira eleição direta em quase 30 anos, rapidamente o levou ao governo de Alagoas, onde consolidou seu poder de maneira avassaladora. Fundador do PRN (Partido da Reconstrução Nacional), Collor se apresentou como o verdadeiro opositor do político mais empopular do país na época.
Ao assumir a presidência, Collor trouxe consigo promessas audaciosas de um novo Brasil moderno e livre da inflação que assolava a economia. Contudo, a realidade se mostrou desafiadora, com o país enfrentando sérios problemas econômicos e políticos. Seu governo iniciou com reformas na estrutura estatal, incluindo a nomeação controversa de Zélia Cardoso de Mello para o Ministério da Economia, apesar de sua posição não alinhada à esquerda.
O ponto de inflexão veio com o famoso Plano Collor, anunciado em 15 de março de 1990. Buscando estabilizar a economia, o plano trouxe consigo mudanças na moeda, congelamento de preços e salários, além do aumento de impostos. Entretanto, ao invés de trazer estabilidade, o plano resultou em altos índices de endividamento, hiperinflação e caos econômico. O confisco de dinheiro e o congelamento de preços geraram pânico na população, levando à paralisação do comércio e ameaças de desemprego em massa.
A crise econômica se aprofundou, tornando-se evidente nos escândalos de corrupção que abalaram o governo Collor. A suspensão do pagamento da dívida externa, privatizações controversas e ações inconstitucionais minaram a confiança da população. Greves generalizadas e uma queda na produção agrícola agravaram a situação, criando um cenário de instabilidade política e econômica.
Os primeiros seis meses do governo Collor foram marcados por escândalos e crises políticas, incluindo rumores de relacionamento extraconjugal envolvendo a ministra Zélia Cardoso. O presidente enfrentou dificuldades na renegociação da dívida externa, com a primeira baixa em seu governo. O turbulento cenário político e econômico se acentuou com o escândalo na Petrobras, envolvendo Luiz Octávio Mota Veiga e PC Farias.
Desesperado por soluções, o governo Collor tentou corrigir a perda dos trabalhadores com um gatilho bimestral, mas a proposta foi vetada, gerando mais problemas. O país mergulhou em recessão, inflação alta, aumento da dívida externa e desemprego, evidenciando o fracasso das políticas econômicas adotadas.
Diante do caos, medidas desesperadas foram implementadas, como o confisco de dinheiro e o congelamento de preços, causando pânico generalizado na população. O Plano Collor 2, anunciado como uma tentativa de mitigar os impactos, trouxe números expressivos, mas a inflação persistiu, deixando a insatisfação popular em crescimento.
O colapso do governo Collor tornou-se inevitável após 18 meses de desastres e escândalos de corrupção. A rejeição do emendão dos estados, somada ao isolamento do executivo, à impopularidade crescente e à crise econômica, pavimentou o caminho para a possibilidade de impeachment.
O governo de Fernando Collor, que começou com promessas de renovação, transformou-se em uma era marcada por escândalos, crises econômicas e políticas, revelando os perigos de decisões precipitadas e políticas desastrosas. Seu legado permanece como um lembrete crucial da importância de lideranças responsáveis e medidas cautelosas para o futuro do Brasil.