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Os Mollusca

Moluscos são animais de corpo mole e não segmentado. Apresentam normalmente uma cabeça anterior, uma massa corpórea dorsal e um pé ventral

Foto de Riadh Dallel no Pexels

Características Gerais

Os moluscos são animais de corpo mole e não segmentado. Apresentam normalmente uma cabeça anterior, uma massa corpórea dorsal e um pé ventral. Estão entre os invertebrados mais comuns e notáveis. Animais como o polvo, a lula, o caramujo, a lesma, as conchas bivalves são conhecidos por todos. Os Mollusca compreendem o segundo maior filo, logo após os Arthropoda, com mais de 50.000 espécies viventes e mais ou menos 30.000 espécies fósseis. Este filo surgiu muito cedo na história da vida, provavelmente no pré-Cambriano.
Os Mollusca apresentam uma grande diversidade de formas, que são reconhecidas geralmente como classes distintas. São seis as classes reconhecidas de Mollusca: Monoplacophora (Neopilina); Amphineura (quítons); Scaphopoda (dentálios); Gastropoda (lesmas, caramujos); Pelecypoda (mariscos, ostras e demais bivalves) e Cephalopoda (lulas, polvos, náutilos). Apesar desta diversidade podemos reconhecer característícas gerais e comuns a todas.
Assim os moluscos possuem uma simetria bilateral e três folhetos germinativos, sendo o seu epitélio uniestratificado, geralmente com a presença de cílios e glândulas mucosas.
O corpo de modo geral é ovóide, com um manto que secreta uma concha. Em alguns grupos, entretanto, esta concha é interna; em outros ela é ausente. Os Mollusca apresentam uma cabeça anterior bem desenvolvida (com exceção de Scaphopoda e Pelecypoda). Na região dorsal aparece uma massa corpórea visceral. Ventralmente desenvolve-se um pé muscular, modificado para rastejar, escavar ou nadar, conforme o grupo em que aparece.
O tubo digestivo é completo. Existe uma boca anterior que se abre numa cavidade bucal. Nesta desenvolve-se uma evaginação que abriga uma rádula, estrutura única dos moluscos. A rádula é formada por uma base alongada chamada odontóforo. Recobrindo o odontóforo aparece uma “esteira” recoberta por várias fileiras de dentes quitinosos, a própria rádula. Quando o animal projeta o odontóforo anteriormente colocando a rádula em contato com o substrato, esta é esticada pela ação dos músculos protratores, fazendo com que os dentes quitinosos fiquem eretos. Quando a rádula é contraída, pela ação dos músculos retratores, os dentes recurvam posteriormente e raspam o substrato, trazendo, assim, o alimento para o interior da cavidade bucal. Com os constantes movimentos da rádula, raspando o substrato, os dentes quitinosos se desgastam, porém, novos dentes são secretados a partir da região anterior, numa taxa de um a cinco dentes por dia.

Ainda na cavidade bucal podemos encontrar pelo menos um par de glândulas salivares, as quais secretam um muco cuja função é lubrificar a rádula, bem como, embaraçar as partículas alimentares capturadas. Da cavidade bucal o muco alimentar é impelido para um esôfago tubular e deste para o estômago. A região anterior do estômago é revestida por quitina, com exceção de uma região ciliada onde se abrem os dutos das glândulas digestivas (fígado), chamadas também de divertículos. A porção posterior do estômago, a região cônica, é ciliada. É nesta última porção do estômago que o muco alimentar (protóstilo) é revirado pelos cílios. A acidez do conteúdo estomacal faz diminuir a viscosidade do muco, auxiliando a liberação das partículas retidas no mesmo. No estômago tais partículas são eventualmente selecionadas quanto ao seu tamanho. As partículas pequenas são impelidas pelos cílios para as aberturas dos divertículos. As particulas maiores e mais pesadas são direcionadas para o intestino. As partículas utilizadas como alimento vão para o interior dos dutos das glândulas digestivas onde lá serão digeridas intraceularmemte. Eventualmente pode ocorrer digestão extracelular na cavidade estomacal da maioria dos moluscos atuais. O intestino longo e enrolado tem como principal função a formação de bolotas fecais, as quais serão eliminadas por um ânus que se abre na metade dorsal da margem posterior da cavidade do manto.
O celoma neste grupo é relativamente pequeno e está localizado na metade dorsal do corpo. O celoma, dorsalmente abriga o coração e ventralmente, o intestino.
O coração dos Mollusca é formado por um par de aurículas posteriores e por um ventrículo anterior. As aurículas escoam o sangue das brânquias para o ventrículo, que o bombeia anteriormente para uma aorta. Esta aorta se ramifica em pequenos vasos sangüíneos, que distribuem o sangue para os tecidos.

A excreção neste grupo se dá por um par de metanefrídeos, comumente referidos como rins. Os nefrídeos drenam a cavidade pericardial e eliminam os excretas através dos nefridióporos que se abrem na cavidade do manto.

O sistema nervoso dos Mollusca é formado por um anel nervoso em torno do esôfago. Da porção inferior deste anel partem dois pares de nervos que se estendem posteriormente. Um desses pares, o par ventral, vai enervar os músculos do pé ventral. O par dorsal vai enervar o manto e as vísceras do molusco. Em muitos moluscos atuais os órgãos dos sentidos compreendem tentáculos, um par de olhos, um par de estatocistos para o equilíbrio na região do pé e um órgão quimioreceptor denominado osphradia, situado na margem posterior de cada membrana branquial aferente.

A respiração é realizada por brânquias ou pulmões.

Nos Mollusca os sexos geralmente são separados, podendo apresentar de quatro a apenas uma gônada. A fecundação pode ser externa ou interna. A maioria dos moluscos são ovíparos e a clivagem do ovo é espiral. Num primeiro estágio larval forma-se uma larva trocófora. Nos estágios mais adiantados de muitos grupos de moluscos forma-se uma larva chamada véliger.

História Natural

Os moluscos são na sua maioria, animais marinhos, habitando ao longo das praias, zonas pelágicas e mesmo as grandes profundezas oceânicas. Podemos encontrar, também, moluscos habitando á água doce, como muitos caramujos e bivalves, e mesmo o ambiente terrestre como é o caso da lesma e do caracol de jardim. No geral são animais de vida livre. Podemos encontrar moluscos fixos a rochas e madeira, como é o caso de muitos bivalves e dos quítons. Alguns moluscos como os dentálios (Scaphopoda) são encontrados enterrados na areia. Outros rastejam no solo úmido e lodoso de rios e lagos, como os caracóis e as lesmas. Os moluscos cefalópodos (polvo, lula e náutilus) são exímios nadadores dos mares e oceanos. Um grupo de Mollusca muito antigo, os monoplacophora (Neopilina), habitam os substratos das zonas abissais, sendo encontrados a mais de 5.000 metros de profundidade.
Além da grande variedade de formas presente neste filo, também encontramos uma grande variedade de tamanho. Assim podemos encontrar representantes da classe Amphineura (quítons) com 1 cm à 20cm de comprimento. Os dentálios (Scaphopoda), geralmente medem cerca de 7 cm, podendo alguns atingir 15cm. Encontramos gastrópodes, que podem variar de 1mm de diâmetro, como é o caso de alguns caramujos, até 45cm de comprimento, como é o caso do gênero Hemifusus, do norte da Austrália. A maioria dos gastrópodes, entretanto, mede cerca de 5cm de diâmetro. Os bivalves (Pelecypoda) podem chegar a medir até 1,5 metros de comprimento como Tridacna deresa, que chega a pesar cerca de 250 kg. Os Cephalopoda, podem medir de uns poucos centímetros, à mais de 15 metros (corpo e tentáculos), como é o caso da lula gigante (Architeuthis).
Como já mencionado, os Mollusca formam um filo que apresenta formas muito variadas, porém com muitas semelhanças em comum, o que os torna um grupo muito bem definido. Hoje eles são considerados um grupo monofilético, ou seja, provavelmente devem ter evoluído a partir de um único ancestral comum. A clivagem espiral do ovo e a formação de uma larva véliger muito semelhante a larva trocófora dos anelídeos marinhos, nos leva a pensar que estes dois filos, Mollusca e Annelida sejam parentes muito próximos. Apesar da grande maioria dos moluscos não apresentar segmentação como os anelídeos, a descoberta de Neopilina, com brânquias, nefrídios, músculos e etc, dispostos em segmentos, corrobora ainda mais a idéia de um parentesco muito próximo entre estes dois filos. Outro dado que favorece esta hipótese é a presença de cordões nervosos longitudinais em quítons, à semelhança de alguns anelideos.

Monoplacophora

Amphineura


Scaphopoda

Gastropoda

Pelecypoda

Cephalopoda