A Hora da Estrela

Clarice Lispector

DESCRIÇÃO & SINÓPSE

Pouco antes de morrer, em 1977, Clarice Lispector decide se afastar da inflexão intimista que caracteriza sua escrita para desafiar a realidade. O resultado desse salto na extroversão é A hora da estrela, o livro mais surpreendente que escreveu. Se desde Perto do coração selvagem, seu romance de estreia, Clarice estava de corpo inteiro, todo o tempo, no centro de seus relatos, agora a cena é ocupada por personagens que em nada se parecem com ela. A nordestina Macabéa, a protagonista de A hora da estrela, é uma mulher miserável, que mal tem consciência de existir. Depois de perder seu único elo com o mundo, uma velha tia, ela viaja para o Rio, onde aluga um quarto, se emprega como datilógrafa e gasta suas horas ouvindo a Rádio Relógio. Apaixona-se, então, por Olímpico de Jesus, um metalúrgico nordestino, que logo a trai com uma colega de trabalho. Desesperada, Macabéa consulta uma cartomante, que lhe prevê um futuro luminoso, bem diferente do que a espera. Clarice cria até um falso autor para seu livro, o narrador Rodrigo S.M., mas nem assim consegue se esconder. O desejo de desaparecimento, que a morte real logo depois consolidaria, se frustra. Entre a realidade e o delírio, buscando social enquanto sua alma a engolfava, Clarice escreveu um livro singular. A hora da estrela é um romance sobre o desamparo a que, apesar do consolo da linguagem, todos estamos entregues. — JOSÉ CASTELLO, Jornalista, escritor e Mestre em Comunicação pela UFRJ "Esfinge, feiticeira, monstro sagrado. O renascimento da fascinante Clarice Lispector tem sido um dos verdadeiros eventos literários do século 21. Ninguém soa como Clarice. Ninguém pensa como ela. Ela não apenas parece dotada de mais sentidos do que os cinco conhecidos, mas também curva a sintaxe e a pontuação de acordo com sua vontade. Ela vira o dicionário de cabeça para baixo, soltando todas as palavras de suas definições, espalhando-as de volta como quer e não é que a língua parece melhor?" — THE NEW YORK TIMES

RESUMO DO LIVRO

Contos da obra

Resumo da obra

Pouco antes de morrer, em 1977, Clarice Lispector decide se afastar da inflexão intimista que caracteriza sua escrita para desafiar a realidade. O resultado desse salto na extroversão é A hora da estrela, o livro mais surpreendente que escreveu. Se desde Perto do coração selvagem, seu romance de estreia, Clarice estava de corpo inteiro, todo o tempo, no centro de seus relatos, agora a cena é ocupada por personagens que em nada se parecem com ela. A nordestina Macabéa, a protagonista de A hora da estrela, é uma mulher miserável, que mal tem consciência de existir. Depois de perder seu único elo com o mundo, uma velha tia, ela viaja para o Rio, onde aluga um quarto, se emprega como datilógrafa e gasta suas horas ouvindo a Rádio Relógio. Apaixona-se, então, por Olímpico de Jesus, um metalúrgico nordestino, que logo a trai com uma colega de trabalho. Desesperada, Macabéa consulta uma cartomante, que lhe prevê um futuro luminoso, bem diferente do que a espera. Clarice cria até um falso autor para seu livro, o narrador Rodrigo S.M., mas nem assim consegue se esconder. O desejo de desaparecimento, que a morte real logo depois consolidaria, se frustra. Entre a realidade e o delírio, buscando social enquanto sua alma a engolfava, Clarice escreveu um livro singular. A hora da estrela é um romance sobre o desamparo a que, apesar do consolo da linguagem, todos estamos entregues.

Tipo de obra

Ficção

Resumão

Primeiro, leia A hora da estrela como um estudo da invisibilidade social: a narrativa acompanha Macabéa, jovem nordestina que vive na cidade grande em condições de pobreza e anonimato. A voz narrativa é complexa — há um narrador que assume a autoria (Rodrigo S.M.) e simultaneamente Clarice expõe sua própria presença — e isso torna essencial para o vestibular a atenção à construção do narrador, à metanarrativa e ao jogo entre verdade/ficção. As cenas aparentemente simples escondem reflexões profundas sobre poder, linguagem e alteridade.

Em segundo lugar, do ponto de vista temático e para provas como ENEM, Fuvest e Unicamp, é importante mapear os eixos sociais: migração interna (Norte/Nordeste → Sudeste), condição feminina, pobreza urbana, exclusão e a visibilidade mediada pela linguagem e pelos meios (no livro, referências a rádio e cartomancia). Questões de leitura exigem identificação de estratégias narrativas e de como Clarice explora ironia, compaixão ambígua e pathos para compor a figura de Macabéa como símbolo do desamparo social.

Terceiro, em termos de enredo e explicitação para quem não leu: a história acompanha episódios do cotidiano de Macabéa — trabalho, moradia, um breve romance frustrado com Olímpico, a consulta à cartomante — culminando numa previsão ilusória de futuro e em um destino trágico. Mais relevante para vestibular que a cronologia é perceber a textura da linguagem: frases curtas e repetitivas intercalam-se com momentos de introspecção e longas digressões do narrador, exigindo do candidato habilidade de leitura crítica e de interpretação de pontos de vista.

Por fim, prepare-se para questões que cruzam literatura e contexto: perguntas podem solicitar análise do papel do narrador falso, leitura de trechos com foco em sintaxe e pontuação, identificação de ironia e ambivalência ética do narrador, além de relações entre forma e conteúdo — isto é, como a linguagem produz empatia ou, paradoxalmente, acentua o isolamento da personagem. Esses aspectos são recorrentes em bancos de prova que demandam capacidade de leitura interpretativa mais do que memorização de trama.

Personagens

  • Macabéa
  • Olímpico de Jesus
  • Velha tia (personagem sem nome)
  • Cartomante (personagem sem nome)
  • Rodrigo S.M. (falso autor/narrador)
  • Colega de trabalho (personagem sem nome)

Tema central

Lançado em 1977, A hora da estrela centra-se no tema do desamparo humano e da invisibilidade social. A obra problematiza como a linguagem e a narrativa conferem sentido à existência ou, inversamente, destacam o apagamento de indivíduos marginalizados. Em seu gesto metanarrativo — a criação de um narrador fictício e a intervenção autoral — Clarice faz da própria narrativa um dispositivo crítico sobre as condições sociais que tornam alguém “sem história”. O contexto de publicação (1977) reforça a leitura do romance como uma reflexão sobre desigualdade, deslocamento e os limites da representação literária frente à realidade social.

Ficha técnica

  • Título: A Hora da Estrela
  • Autor: Clarice Lispector
  • Ano: 1977
  • Editora: Editora Rocco
  • Páginas: 96

Apresentação da obra

Contexto, relevância literária e social, ligação com vestibulares: A hora da estrela ocupa lugar singular na obra de Clarice Lispector por sua concisão e pela decisão explícita de deslocar o ponto de vista intimista para personagens alheios à biografia da autora. Literariamente, o romance é relevante por seu experimentalismo narrativo — utilização de narrador intrusivo, reflexões metalinguísticas e economia de meios —, que o torna rico para análises de estilo, ideologia e ética narrativa. Socialmente, a obra ilumina a condição de exclusão de mulheres migrantes e pobres, tema recorrente em questões de atualidade e de responsabilidade social em provas de vestibular. Para ENEM, Fuvest e Unicamp, A hora da estrela oferece material para questões interdisciplinares: leitura crítica, contemporaneidade, cidadania e relações entre linguagem e poder.

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