
O Auto da Compadecida consegue o equilíbrio perfeito entre a tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios registrados das histórias populares de cordel. É uma peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Apresenta na escrita traços de linguagem oral e apresenta também regionalismos relativos ao Nordeste. Esta peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi “o texto mais popular do moderno teatro brasileiro”.
Drama
Auto da Compadecida é, formalmente, um auto — peça de caráter religioso-popular em três atos — que se vale de recursos da literatura de cordel e da oralidade nordestina para construir uma narrativa teatral marcada pela comicidade e pelo drama moral. A linguagem aposta no registro coloquial e nos regionalismos, o que o torna exemplar para questões de análise linguística e variação diatópica em provas de vestibular.
Do ponto de vista temático, a obra articula crítica social, fé religiosa e escatologia moral por meio de situações cotidianas transformadas em paradigma ético: as peripécias de seus protagonistas expõem tensões entre justiça formal e justiça popular, entre hipocrisia e solidariedade. Esses eixos (justiceiro, religioso, social) constituem tópicos recorrentes em provas que cobram interpretação de universo social e ideológico do texto.
Em termos de enredo, a peça acompanha as trapaças, espertezas e desventuras de personagens populares — que transitam entre o pitoresco e o trágico — até um julgamento último que mistura comédia e sagrada liturgia barroca. Para vestibulares, é crucial compreender como a composição dramática (ato, cena, fala direta, coro) e os recursos do teatro popular produzem sentido e crítica, além de como o humor serve como técnica de subversão e aproximação com o público.
Para estudantes, a obra deve ser lida com atenção aos elementos interdisciplinares: referências à religiosidade brasileira, laços com a tradição do cordel, presença do burlesco e do barroco e a construção de personagens-figuras do imaginário nordestino. Provas como ENEM, Fuvest e Unicamp tendem a cobrar interpretação de trechos, identificação de recursos estilísticos e tematização das relações entre linguagem, contexto cultural e função social do texto.
Não se aplica: trata-se de uma peça teatral (Auto em 3 atos), não de um conjunto de contos. A unidade dramática organiza-se em cenas e atos que articulam episódios de tradição popular, não relatos autônomos do tipo conto.
O tema central da obra é o diálogo entre tradição popular e elaboração literária: como a cultura nordestina — por meio da literatura de cordel, da oralidade e de elementos religiosos do barroco católico — é usada para pensar questões morais, sociais e judiciais. Inserida no contexto de 1957, data indicada para sua edição/lançamento, a peça dialoga com movimentos de afirmação cultural regional e com a busca de um teatro nacional que reconheça e incorpore formas populares de expressão, oferecendo material rico para análises históricas e socioculturais em vestibulares.
Contexto e relevância: Auto da Compadecida ocupa lugar central na modernização do teatro brasileiro ao integrar elementos eruditos e populares, consolidando uma estética que valoriza a cultura nordestina. Sua relevância literária decorre da capacidade de articular tradição oral, comédia e crítica social dentro de uma forma teatral renovada; socialmente, a peça tornou visível interlocuções entre classes e crenças, usando o riso para expor contradições morais.
Ligação com vestibulares: para ENEM, Fuvest e Unicamp, a obra é fértil em questões de interpretação de linguagem, identificação de gêneros e variações linguísticas, leitura intertextual (cordel e barroco) e análise de temas socioculturais. Questões costumam explorar função do narrador ou do coro, mecanismos humorísticos, crítica social e o papel da religiosidade no enredo. Recomenda-se domínio do contexto de produção, leitura atenta das cenas e capacidade de relacionar linguagem e função social do texto.