Dom Casmurro

Machado de Assis

DESCRIÇÃO & SINÓPSE

Dom Casmurro é um romance de Machado de Assis, narrado por Bentinho, um advogado do Rio de Janeiro, que relembra sua juventude. A trama centra-se no casamento com Capitu e na suspeita de infidelidade, explorando ciúmes, memória e a confiabilidade do narrador.

RESUMO DO LIVRO

Descrição

Dom Casmurro é um romance realista de Machado de Assis que utiliza a forma de memória de Bentinho para registrar a vida no Rio de Janeiro do período do Segundo Reinado.A obra é marcada pela análise psicológica do narrador, pela ambiguidade de Capitu e pela ironia que questiona a veracidade dos seus relatos.}

Apresentação da Obra

Dom Casmurro — uma leitura envolvente de Dom Casmurro por Machado de Assis

Resumo

Dom Casmurro, escrito por Machado de Assis, é narrado em primeira pessoa por Bentinho, que se autodenomina Dom Casmurro na vida adulta. O objetivo dele, lembra o próprio título, é ligar as duas pontas da vida ao revisitar a juventude, a infância no seminário e o casamento com Capitu. O tom é de memória, mas também de desconfiança, já que o narrador admite ser pouco confiável.

Narrando de dentro para fora, Bentinho relembra o tempo em que conheceu Capitu, a amizade com Ezequiel de Sousa Escobar e o ciúme que brota com o passar dos anos. A dúvida sobre a fidelidade de Capitu se torna o motor da trama, que se passa no Rio de Janeiro durante o Segundo Reinado. A pergunta que não encontra resposta clara – Capitu o traiu ou não? – atravessa toda a narrativa como uma sombra inevitável.

O enredo transita entre o particular e o social: o romance mostra não apenas o drama de um casal, mas também as máscaras, os costumes e a vida urbana da sociedade carioca da época. A ironía e a observação arguta de Bentinho revelam um retrato ácido das aparências versus a verdade que pode estar escondida atrás delas.

A obra é reconhecida por seu realismo psicológico: o foco é a memória, as digressões internas do narrador e a construção de significado a partir de percepções subjetivas. Além disso, o romance dialoga com Shakespeare em uma intertextualidade que reforça o tema da suspeita, do ciúme e da manipulação de símbolos.

Análise

Um dos pilares de Dom Casmurro é o realismo psicológico. Machado de Assis mergulha na memória do narrador para explorar como a percepção molda a verdade. Bentinho não é apenas um personagem; é um filtro pelo qual lemos os acontecimentos. A ambiguidade se impõe: se Capitu é culpada ou vítima das interpretações de Bentinho, depende de quem lê.

Outro eixo importante é a intertextualidade. O romance dialoga com obras de Otelo e com o próprio Machado de Assis. Essa referência amplia o jogo entre aparência e realidade, entre o que parece ser e o que é. A sociedade carioca ganha textura com nuances de classe, educação, religiosidade e as regras morais da época.

Personagens como Capitu aparecem sob leituras diversas: o traço da ambiguidade pode abrir portas para leituras feministas, sociológicas e psicanalíticas. A construção da fidelidade, a interpretação da memória e a vigilância constante do narrador reforçam a ideia de que a verdade não é absoluta, mas construída.

  • Temas centrais: amor, memória, duvida, tradição e julgamento social.
  • Recursos estilísticos: digressões, frases curtas, ironia contida e retrato minucioso dos costumes da época.
  • Impacto cultural: obra-chave do realismo brasileiro, precursor de debates modernos sobre verdade, memória e linguagem.

Ao longo da leitura, percebemos como a percepção do leitor é moldada pela voz de um narrador que admite não ser isento. Essa construção transforma a leitura em um exercício de interpretação: cada detalhe pode parecer uma pista ou um truque da memória. E, no fundo, o que resta é uma pergunta que continua viva nas escolas e vestibulares: a verdade é o que lembramos ou o que aconteceu?

Opinião

Eu gosto especialmente da forma como Machado de Assis nos faz duvidar do que é real. A leitura é quase um jogo de espelhos: a pessoa que conta não é uma bússola, é uma lente que oscila entre confiança e desconfiança. Isso prende o aluno: não basta aceitar a versão do narrador, é preciso questionar, comparar com as pistas e refletir sobre o que a memória pode ferver de verdade.

Além disso, o estilo enxuto, a ironia sutil e a observação social tornam a obra atual. Mesmo que o cenário seja do século XIX, o livro conversa com temas atemporais: como julgamos as pessoas, como a aparência influencia nossas escolhas e como a memória pode falhar justamente quando mais precisamos dela. Se você curte obras que provocam debate e leitura ativa, Dom Casmurro é aquele título que rende várias discussões icônicas em sala de aula.

Fique de olho

Nos vestibulares e no ENEM, este romance costuma aparecer com foco na narrativa em primeira pessoa e na ideia de narrador pouco confiável. Fique atento aos seguintes pontos que costumam cair em prova:

— A ambiguidade entre aparência e verdade; a leitura da fidelidade de Capitu; a leitura de Bentinho como narrador; a relação entre memória e verdade; e a presença de intertextualidade com obras de Shakespeare (Otelo) que serve para pensar o ciúme e o destino de Capitu.

— Questões sobre o realismo e o realismo psicológico, além de perguntas que envolvem o contexto social do Rio de Janeiro no Segundo Reinado e como o setting influencia as ações dos personagens.

Contexto histórico do livro

O romance se passa no Rio de Janeiro durante o Segundo Reinado, período que vai de 1840 a 1889, marcado por transformações urbanas, políticas e sociais. Machado de Assis escreve em um momento em que a cidade vivia a construção de uma identidade nacional e a consolidação de uma elite letrada que discutia moralidade, classe e tradição. O livro, publicado em 1899, reflete esse microcosmo urbano com olhar crítico e, ao mesmo tempo, afetuoso pelas idiossincrasias da sociedade carioca.

Ao mesmo tempo, o autor – e aqui não podemos deixar de destacar a importância de Machado de Assis – mergulha na psicologia do indivíduo, mostrando como as mudanças políticas e sociais afetam as relações privadas. A ambientação e a ironia sutil revelam costumes, hierarquias e tensões que ajudam o leitor a entender não apenas a história de Bentinho e Capitu, mas também a dinâmica da vida urbana brasileira no final do século XIX.

Escola literária do Livro

Dom Casmurro é frequentemente enquadrado no Realismo brasileiro, com ênfase no realismo psicológico, que privilegia a experiência interna do narrador. O uso de digressões, a linguagem contida e a observação de costumes são marcas da estética que o autor desenvolve para explorar a construção de memória e de identidade.

Além disso, o romance sinaliza um trânsito para o que viria na literatura brasileira do século XX: ele é apontado por muitos críticos como precursor de ideias modernas e de uma forma de questionar verdades consensuais. A presença de referências intertextuais, especialmente a obras de Shakespeare e o diálogo com o cinema mental de Freud na leitura da memória, ajudam a situar a obra entre o romance da vida privada e a crítica social mais ampla.

Se você está estudando para vestibular, vale lembrar que Machado de Assis criou uma voz única que se tornou referência para entender como a percepção pode ser tão poderosa quanto a própria ação. Em termos de estilo, é possível reconhecer a combinação de ironias, frases curtas e uma elegância fria que desafia interpretações fáceis.

Para quem quer aprofundar, vale conferir mais sobre o autor e a obra em páginas da Wikipedia e no artigo dedicado a Machado de Assis, além de explorar o contexto histórico do Segundo Reinado.

Se quiser revisar de forma objetiva, também há uma lista prática de resumos que pode ajudar na preparação de temas para lista de resumos.

Ficha Técnica

  • Nº de Páginas: 238
  • Título: \”Dom Casmurro\”
  • Autor: \”Machado de Assis\”
  • Ano: 1899

Apresentação

Tema Central

Ciúmes e dúvida sobre a fidelidade

Tipo da Obra

Romance

Escola literária

  • Realismo

Personagens

  • Bento Santiago — narrador-protagonista, um advogado de Rio de Janeiro
  • Capitu (Capitolina) — esposa de Bentinho, figura central, ambígua
  • D. Glória — mãe de Bentinho
  • José Dias — confidente e tutor de Bentinho
  • Ezequiel de Sousa Escobedo — amigo de Bentinho na juventude

Saiba mais

https://www.youtube.com/watch?v= ,