A Universidade Estadual do Ceará (UECE) optou por invalidar uma das perguntas da primeira etapa do vestibular 2024.2, ocorrida no último domingo, dia 28 de abril. A decisão de anulação foi motivada por denúncias de teor antissemita tanto no enunciado quanto na resposta do item em questão. Além dessa problemática, outras duas perguntas estão atualmente sob análise.
A questão em destaque, de número 29 da prova de História da primeira fase do vestibular 2024.2, foi minuciosamente examinada pela Comissão Executiva de Vestibular (CEV) da UECE, que identificou inconsistências em sua formulação. Após uma consulta à banca responsável pela elaboração da prova, a CEV concluiu que os itens apresentados para avaliação permitem interpretações diversas, sem que nenhuma das respostas se alinhe com a realidade histórica. Portanto, decidiu-se pela anulação da referida questão. Adicionalmente, as perguntas 27 e 35 também estão sendo objeto de análise por parte da comissão.
Matheus Alexandre, especialista em antissemitismo contemporâneo, foi consultado para avaliar as questões em questão. Na questão 29, o gabarito indicava que a resposta correta era o item I, o qual sugeria que o extermínio dos judeus não foi uma ação racional do ponto de vista econômico, pois estes poderiam ter sido utilizados como escravos. Quanto à questão 27, o enunciado afirmava que Moisés liderou “o povo hebreu do Egito para a Palestina”, o que representa um anacronismo antissemita, omitindo a trajetória histórica do povo judeu. É importante ressaltar que a região conhecida como Palestina não existia há 4 mil anos; na verdade, havia a Canaã, que posteriormente se transformou no Reino de Israel. O termo “Palestina” surgiu apenas no século II da Era Comum, quando os romanos, como um insulto aos judeus, adotaram essa designação em referência aos filisteus, inimigos dos judeus. Por fim, a questão 35, que está sob análise, afirmava que o sionismo é equivalente a “expansionismo” e à “colonização de áreas até então ocupadas há muito tempo pelos palestinos”. Essa afirmação é equivocada, visto que o sionismo representa, na verdade, o moderno nacionalismo do povo judeu.