No início de fevereiro de 2025, o Brasil testemunhou um fenômeno político peculiar que ficou conhecido como a “Guerra dos Bonés”. Este conflito simbólico ocorreu no contexto do retorno das atividades legislativas no Congresso Nacional, marcando uma disputa não de ideias, mas de símbolos entre a base governista e a oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A trégua política, se é que alguma vez existiu, foi quebrada com a utilização de bonés como ferramentas de manifestação e provocação. A iniciativa começou com os ministros licenciados do governo Lula, que apareceram vestindo bonés azuis com a frase “O Brasil é dos brasileiros”. Esta ideia foi orquestrada pelo novo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Sidônio Palmeira, como uma resposta direta ao boné vermelho de Donald Trump, estampado com o slogan “Make America Great Again”, adotado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil.
Respondendo à provocação, a oposição, liderada por Sóstenes Cavalcante do PL, contra-atacou com bonés nas cores verde e amarelo, trazendo a mensagem “Comida barata novamente. Bolsonaro 2026”. Além disso, os opositores incorporaram paródias ao seu protesto, como um boné com uma marca fictícia de café chamada “Nemcafé” e uma embalagem de carne estampada com a imagem de Bolsonaro, intitulada “Picanha Black”, simbolizando a insatisfação com a alta dos preços dos alimentos sob o governo Lula.
A “Guerra dos Bonés” não só refletiu a polarização política do país mas também evidenciou a utilização de símbolos culturais para marcar território ideológico no ambiente legislativo. Este episódio foi amplamente coberto pela mídia, com reportagens detalhando as reações, tanto de apoio quanto de crítica, de figuras políticas e da população em geral.
Hugo Motta, o recém-eleito presidente da Câmara, manifestou-se sobre o conflito, descrevendo os bonés como adereços para “proteger a cabeça do sol”, e não como soluções para os problemas do país, indicando um desejo por um foco mais construtivo na política nacional.
A “Guerra dos Bonés” pode ser vista como um microcosmo da política brasileira contemporânea, onde a disputa muitas vezes transcende o debate de políticas públicas, centrando-se em manifestações simbólicas e de identidade. Este evento não só destacou a rivalidade entre facções políticas mas também levantou questões sobre a eficácia e o teor das estratégias de comunicação e protesto no espaço democrático.