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SALA DE ESTUDOS

Modernismo

Aprenda sobre Modernismo

Vanguarda –  artística ou politicamente se chama vanguarda os grupos ou correntes que apresentam uma proposta e/ou uma prática inovadoras.

As vanguardas européias:

Cubismo

Les demoiselles d’Avignon (as meninas d’Avingnon), de Picasso, a obra que deu origem ao cubismo. (cinco mulheres geométricas)

O movimento cubista teve início na França em 1907, em volta do espanhol Pablo Picasso e do poeta francês Apollinaire, formou-se um grupo de artistas que cultivaria as técnicas cubistas até o término da 1ª guerra.

Opõem-se às técnicas lineares e objetivas dos renascentistas. Os cubistas procuram decompor os objetos representados em diferentes planos geométricos e ângulos retos, de forma que o  espectador, com seu olhar possa remontá-los e ter uma visão do todo, de face e de perfil, como se tivesse dado uma volta em torno deles.

Na literatura, essas técnicas da pintura correspondem à fragmentação da realidade, à superposição e simultaneidade de planos (ex.: mistura de assuntos, espaços e tempos diferentes) – características: ilogismo, humor, antiintelectualismo, instantaneísmo, simultaneidade, linguagem predominantemente nominal e mais ou menos caótica.

Na pintura – Picassso, Braque, Picabia, Léger, Mondrian; na literatura – Apollinaire, Cendrars e outros.

Futurismo

Em 1909, no jornal parisiense Le Figaro, o italiano Filippo Tommasio Marinetti publica o Manifesto Futurista, que surpreende os meios culturais europeus pelo caráter violento e radical de suas propostas. Obs.: Manifesto machista (menosprezo à mulher). Exaltação da guerra (considerada um meio para “limpar” o planeta, livrando-o dos mais fracos). Anteciparam ideologicamente o que seria o fascismo italiano nas décadas de 30-40. O futurismo foi uma espécie de expressão artística do fascismo italiano.

Destruição da sintaxe e a disposição das palavras “em liberdade”, o emprego de verbos no infinitivo, a abolição dos adjetivos e advérbios, o substantivo duplo em lugar de substantivo acompanhado por adjetivo. (praça-funil) a abolição da pontuação, que seria substituída por sinais de Matemática (+, -, =).

Pintura: Carlos Carrá, Umberto Boccioni, Luigi Russolo e Giocomo Balla.  Nas telas futuristas são comuns elementos que sugerem a velocidade e o mecanicismo da vida moderna

Ex. “Ode ao Burguês” de Mário de Andrade.

Expressionismo

O Impressionismo era uma corrente da pintura que valorizava  impressão, isto é, um movimento do exterior para o interior, forma subjetiva de perceber a realidade.

No começo do séc. XX, tanto na França quanto na Alemanha, surgem grupos de pintores que desejam alterar o enfoque da pintura impressionista, percorrendo o caminho contrário, isto é, partindo da subjetividade para o mundo exterior. Esses pintores foram chamados de expressionistas na Alemanha e de  fauvistas na França, buscam fazer da obra de arte um reflexo direto de seu mundo interior. Durante e depois da 1ª Guerra, o Expressionismo assumiu um caráter mais social e combativo, interessando-se pelos horrores da guerra, pelas condições de vida desumanas das populações carentes, etc.

“O grito” (1892), de munch  “Certa noite, conta o autor, eu caminhava por uma via, a cidade de um lado e o fiorde embaixo. Sentia-me cansado, doente… O sol se punha e as nuvens tornavam-se vermelo-sangue. Senti um grito passar pela natureza; pareceu-me ter ouvido o grito. Pintei esse quadro, pintei as nuvens como sangue real. A cor uivava.”

Propostas:

– arte não é imitação, mas criação subjetiva, livre. A arte é expressão dos sentimentos.

– A realidade que circunda o artista é horrível, por isso ele a deforma ou a elimina, criando a arte abstrata.

– A razão se torna objeto de descrédito.

– A arte é criada sem obstáculos convencionais, o que representa um repúdio é repressão social.

– A arte se desvincula do conceito do belo e feio, torna-se uma forma de contestação.

“O meu tempo” – do poeta alemão Wilheim Klem:

Cantos e metrópoles, lavinas febris,

Terras descoradas, pólos sem glória,

Miséria, heróis e mulheres da escória,

Sobrolhos espectrais, tumulto em carris.

Soam ventoinhas em nuvens perdidas.

Os livros são bruxas. Povos desconexos.

A alma reduz-se a mínimos complexos.

A arte está morta. As horas reduzidas.

Na literatura: linguagem fragmentada, elíptica, constituída por frases nominais (basicamente aglomerados de substantivos e adjetivos), sem verbos, sem sujeito; despreocupação formal: sem rimas, sem estrofes, sem musicalidade. Os poetas expressionistas visam combater a fome, a miséria e os valores do mundo burguês.

Na pintura: Kandinski, Paul Klee, Chagall, Munch: na arquitetura: Erich Mendesohn; Na literatura: August Stramm, Kasimir Edschmid e, mais tarde, Herman Hesse e Thomas Man; no teatro: Kauser e Brecht (fase inicial), na música: Schoemberg; e no cinema: Wiene.

 Dadaísmo

Com a Suíça neutra na 1ª Guerra, os intelectuais e artistas abrigam-se em Zurique. Alguns se reúnem no Cabaret Voltaire, ponto de encontro onde nasce o movimento dadaísta.

Criado a partir do clima de medo, instabilidade e revolta o movimento dadá pretende ser uma resposta à nítida decadência da civilização que o conflito representa. Daí provém a irreverência, o deboche, a agressividade e o ilogismo dos textos e manifestações dadaístas. Eles entendem que os artistas em tempo de guerra eram hipócritas, então decidem  ridicularizar a arte, agredir e destruir.

A partir de 1916: noitadas em que predominavam palhaçadas, declamações absurdas, exposições inusitada, além dos espetáculos relâmpagos que faziam improvisos nas ruas, em meio a urros, vaias, gritos, palavrões e à total incompreensão da platéia.

“Roda de bicicleta” (1913), de Marcel Duchamp, é uma das obras que utilizam a técnica do ready-made. (Obs.: descrição – uma roda de bicicleta num banquinho)

Ready-made – técnica que consiste em extrair um objeto do seu uso cotidiano e com nenhuma, ou pouca alteração, atribuir-lhe um valor artístico.

Segundo Tristan Tzaram o líder dadaísta a palavra “dadá” não significa nada.

O primeiro manifesto Dadá:

Dadá permanece no quadro europeu das fraquezas, no fundo é tudo merda, mas nós queremos doravante cagar em cores diferentes para ornar o jardim zoológico da arte de todas as bandeiras dos consulados.

Na literatura, se caracteriza pela agressividade, improvisação e desordem, livre associação de palavra, técnica da “escrita automática”, que mais tarde seria aproveitada pelo Surrealismo, e pela invenção de palavras com base na exploração apenas do seu significante.

‘Die Schlanch’ (A batalha) – de Ludwig Kassak

Berr… bum, bumbum, bum…

Ssi… bum, papapa bum, bumm

Zazzau… Dum, bum, bumbumbum

Prä,prä,prä … ra, hä-hä, aa…

Harol…

Destacam-se também com projetos dadaístas: Max Ernst, Francis Picabia, Philippe Soupault, André Breton e outros.

Com o final da guerra é preciso reconstruir a Europa e a arte. Tristan Tzara quer manter a linha original do movimento, mas André Breton rompe com o Dadaísmo e abandona o grupo para criar o movimento surrealista, uma das mais importantes correntes artísticas do séc. 20.

O Surrealismo

Tem início na França a partir da publicação do  Manifesto do Surrealismo (1924), de André Breton. Diversos pintores aderem ao movimento, interessados nas propostas artísticas de Breton, ligadas ao subconscientes e á psicanálise (Breton tinha sido psicanalista).

Dois aspectos marcam o Surrealismo em seu início: as experiências criadoras automáticas e o imaginário extraído do sonho.

Freud, na psicanálise, e Bergson, na filosofia, já haviam destacado a importância do mundo interior do ser humano.

Por na tela ou no papel os desejos interiores profundos, sem se importar com a incoerência, significados, adequação, etc. Na literatura esse princípio recebeu o nome de “escrita automática”.

Pretendiam criar a arte livre da razão. Imagens violentas e humor negro.

Na literatura: André Breton, Louis Aragon, Antonin Artaud, nas artes plásticas – Salvador Dali, Max Ernest, Joan Miró, Jean Harp, no cinema – Luis Buñuel.

A rejeição ao mundo burguês, racional, mercantil e moralista levaria alguns artistas a ter ligações com os comunistas. Para alcançar o objetivo maior do movimento – o amor, a liberdade e a poesia – acreditavam ser necessário uma transformação radical na sociedade, dando fim à estrutura de classes sociais e ao capitalismo.

No Brasil vários escritores foram influenciados pelas idéias surrealistas como Mário e Oswald de Andrade, Murilo Mendes, Jorge de Lima e outros.

Modernismo

Oswald de Andrade: título de uma palavras e conteúdo de uma só palavra.

AMOR

Humor

A busca pela língua brasileira: Manuel Bandeira:

A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros

Vinha da boca do povo na língua errada do povo

Língua certa do povo

Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil

Ao passo que nós

O que fazemos

É macaquear

A sintaxe lusíada

 

Quando à forma

Quanto às idéias

– Versos livres

– Liberdade na escolha de palavras

– Síntese na linguagem

– Fragmentação, flashes cinematográficos

– Busca de uma língua Brasileira

– Pontuação relativa.

– Nacionalismo

– Revisão de nosso passado histórico-cultural

– Ironia, humor, piada

– Valorização de temas ligados ao cotidiano

– Urbanismo.

– Belle époque – mudanças econômicas, tecnologias, riquezas. Intensa atividade artística em Viena e Paris. Contudo a classe operária vive a margem desses privilégios, fenômeno este que ocorre desde a Revolução industrial do séc. 18. Empenha-se na luta por direitos, anarquia e socialismo.

A 1ª Guerra põe fim ao excesso de otimismo da Belle époque.

A Revolução Russa (1917) conduz a classe trabalhadora ao poder. A “ameaça” do comunismo alastra-se pelo mundo. Esse período conturbado refletem o espírito caótico e violento nas diversas correntes artísticas. São as chamadas “vanguardas européias”, movimentos de caráter agressivo e experimental que rompem radicalmente os padrões de arte tradicional, provocando polêmicas e debates apaixonados nos meios em que se difundem. Defendem o irracionalismo valorizando o decadentismo simbolista, os estudos psicológicos de Freud e a teoria intuicionista de Bergson, ambos pensadores que rejeitam a análise positivista e buscam uma compreensão mais subjetiva e interior do homem e de seus problemas.

Ü O profano e o sagrado, o erotismo e a repressão sexual, temas constantes na pintura de Dali, como exemplifica a tela surrealista “A tentação de Santo Antônio” – Obs.: homem ajoelhado com cruz, mostrando-as para cavalos e mulheres e casas com pés como se fossem raízes, parece sonho, nuvens negras. Na verdade parece uma carroagem com enormes pernas. 

Modernismo em Portugal

Ascensão de Salazar ao poder inicia um avanço das ideologias de extrema direita (nazismo, fascismo, integralismo) e de luta contra a expansão comunista. Na espanha, uma guerra civil iniciada em 1936 levou ao poder o general Franco, que governou o país até 1976. Chico Buarque comemora o fim da ditadura salazarista com estes versos da canção “Tanto mar”:

Foi bonita a festa, pá

Fiquei contente

E inda guardo, renitente

Um velho cravo para mim.

Surge em 1915, com a publicação da revista Orpheu. Período conturbado, Rei D. Carlos e seu filho são assassinados, o que provoca uma crise política responsável pela proclamação da República em 1910.

Republicanos X anti-republicanos (monarquistas), esta reúne-se a Antônio Sardinha, dando origem ao integralismo português, facção de extrema direita, que chegam ao poder em 1926, e em 1928, Salazar, representante desse grupo, assume o governo e dá início a uma ditadura que só terá fim em 1974, com a chamada Revolução dos Cravos.

Período de nacionalismo e saudosismo reacesos, várias revistas: A Águia (tem Fernando pessoa como colaborador), Orpheu, Ícaro, etc.

José Saramago – um dos mais importantes escritores da atualidade, descendente dos neo-realistas.

– FERNANDO PESSOA (Tatí – a poesia de Pessoa é tão intensa que dá até para comer): O caleidoscópio poético

(1888-1935) foi o principal escritor do Modernismo português e, ao lado de Camões, um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos. Nasceu em Lisboa, ficou órfão de pai aos 5 anos e, em 1895, dirigiu-se para a África do Sul com a mãe e o padrasto, nomeado cônsul em Durban. Voltando a Portugal em 1905, escreveu em língua inglesa ainda durante algum tempo, fase da qual resultou a obra 35 sonnets, publicada em 1918.

Colaborou em várias revistas, atuou como crítico em A Águia, dirigida por Teixeira de Pascoaes, o qual o influenciou como escritor nacionalista e visionário.

Cultivou tanto a poesia como a prosa (contos), foi estudioso da astrologia e do ocultismo. Desenvolveu mais de dez heterônimos: Dentre os quais se destacam 3 heterônimos perfeitos: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, seguidos de Bernardo Soares, Coelho Pacheco, Alexandre Search e Charles Robert Anon (a quem atribuiu os primeiros poemas ingleses que escreveu). Frederico Reis, Antônio Mora, Vicente Guedes.

A respeito da heteronímia, assim se manifesta o heterônimo Álvaro de Campos:

Multipliquei-me, para me sentir,

Para me sentir, precisei sentir tudo.

Transbordei, não fiz senão extravasar-me,

Despi-me, entreguei-me,

E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente.

Alberto Caeiro poeta-filósofo, mestre de Fernando Pessoa e ele mesmo, crê que o homem complicou demais as coisas com a metafísica, com suas teorias filosóficas e científicas, com suas religiões. Por isso defende a simplicidade da vida e a sensação como único meio válido para a obtenção do conhecimento:

Creio no mundo como num malmequer

Porque o vejo. Mas não penso nele

Porque pensar é não compreender…

O Mundo não se fez para pensarmos nele

(Pensar é estar doente dos olhos)

Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…

Se falo na Natureza não é porque eu saiba o que ela é,

Mas porque a amo, e amo-a por isso,

Porque quem ama nunca sabe o que ama

nem sabe por que ama, nem o que é amar…

Amar é a eterna inocência,

E a única inocência é não pensar…

O essencial é saber ver,

Saber ver sem estar a pensar,

Saber ver quando se vê,

E nem pensar quando se vê

Nem ver quando se pensa.

Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma vestida!)

Isso exige um estudo profundo,

Um aprendizagem de desaprender.

O heterônimo Ricardo Reis representa a faceta clássica da obra de Fernando Pessoa. De acordo com sua biografia, Ricardo Reis era monarquista, educado em colégio de jesuítas, amante das culturas grega e latina. Também valoriza a vida simples, mas sente-se fruto de uma civilização cristã decadente, que caminha fatalmente para a destruição.  Acredita no destino e não há nada a fazer.

Tudo o que cessa é morte, e a morte é nossa

Se é para nós que cessa. Aquele arbusto

Fenece, e vai com ele

Parte da minha vida.

Em tudo quanto olhei fiquei em parte.

Com tudo quanto vi, se passa, passo.

Nem distingue a memória do que vi do que fui.

A cada qual, como a statura, é dada

A justiça: uns faz altos

O fado, outros felizes.

Nada é prêmio: sucede o que acontece.

Nada, Lídia, devemos

Ao fado, senão tê-lo.

ü Álvaro de Campos: a energia futurista

O mais afinado com a tendência modernista. Engenheiro formado em Glasgow, procura transmitir o espírito do mundo moderno. É um sensacionalista moderno

Eia comboios, eia hotéis à hora do jantar

Eia aparelhos de todas as espécies, férreos, brutos, mínimos,

Instrumentos de precisão, aparelhos de triturar, de cavar,

Engenhos, brocas, máquinas rotativas!

Eia! Eia! Eia!

Sua poesia teve 3 fases: a decadente, ligada à poesia do final do séc. XIX, a futurista, em que se destaca o poema “Ode marítima”, publicado com escândalo na revista Orpheu e a fase pessoal, de descontentamento e de aridez interior.

Tabacaria

Não sou nada.

Nunca serei nada

Não posso querer ser nada.

À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Que serei eu do que serei, eu que não sei o que sou?

Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!

E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!

(Come chocolates, pequena:

Come chocolates!

Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates

(este poema é muito grande)

 Fernando Pessoa ele-mesmo: a canção de Portugal

Nacionalista, escreve Mensagem, obra iniciada e 1913 e publicada em 1934 (um ano antes de sua morte), Épico porque canta os mitos e os heróis coletivos de Portugal, lembrando diretamente Os lusíadas, de Camões, lírico, porque expõe os sentimento de melancolia, saudosismo e euforia de um eu lírico, que ora é uma personagem histórica, ora pode ser o próprio poeta. Mensagem canta não o Portugal real, de seu tempo, metido num marasmo sem fim, mas o Portugal sonhado por seus heróis, loucos e alucinados. Procura reviver o sonho da grandiosidade da nação.

Sua parte mais lírica está em Cancioneiro onde são explorados temas como saudade, solidão, infância, vida, arte e se encontram atitudes como ceticismo, nostalgia e tédio. Ligação com a poesia de Garret e Antônio Nobre.

Autopsicografia (da obra O Cancioneiro)

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não tem.

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.

 Mário de Sá-Carneiro

Ao lado de Pessoa, também participou da revista Orpheu, na primeira geração do Modernismo português. Foi criado pelos avós e tinha  complexo de obesidade, tinha dificuldade de se relacionar com as pessoas e com as mulheres.

No liceu escreveu a peça teatral Amizade em parceria com o amigo (também órfão e inadaptado) Tomás Cabreira Jr., que se suicidou no pátio da escola diante dos amigos e dos professores, numa mistura de desespero e exibicionismo.

A idéia de suicídio ficou presente na obra de Sá-Carneiro. Veja os versos do poema “A queda”:

Não pude vencer, mas posso-me esmagar,

– Vencer às vezes é o mesmo que tombar –

E como ainda sou luz, num grande retrocesso,

Em raivas ideais, ascendo até o fim:

Olho do alto o gelo, ao gelo me arremesso…

Tombei…

E fico só esmagado sobre mim.

E após uma vida agitada, o escritor com apenas 25 anos, suicida-se num quarto de hotel parisiense, deixando cartas para o amigo Fernando pessoa, para a amante e para o pai.

Obras: peça Amizade, as novelas de  Princípio, Céu em fogo, a narrativa A confissão de Lúcio e o livro de poemas Dispersão – foi escrita entre 1912 e 1916.

Dispersão – fragmento do poema “Dispersão” publicado em 1914.

Perdi-me dentro de mim

Porque eu era labirinto,

E hoje, quando me sinto

É com saudade de mim.

Passei pela minha vida

Um astro doido a sonhar.

Na ânsia de ultrapassar,

Nem dei pela minha vida…

Para mim é sempre ontem,

Não tenho amanhã nem hoje:

O tempo que aos outros foge

Cai sobre mim feito ontem.

José Régio: a poesia entre deus e o diabo

(1901-1969) Principal expressão do grupo formado em torno da revista Presença, da qual foi um dos fundadores e diretores. Inicia sua carreira em 1925, com a publicação de Poemas de Deus e do diabo, dois anos antes da criação da revista.

Caracteriza-se pela abordagem introspectiva e psicanalítica e pela sondagem dos conflitos e das aspirações do homem em sua relação com o mundo.

Nos poemas de fundo religioso dos primeiros livros de José Régio, costuma haver uma identificação entre o eu lírico e a figura de Cristo, ambos irmanados pela dor, pelo sofrimento e pelo sentimento de inadaptação ao mundo. Este poema ilustra esta atitude:

Cristo

Quando eu nasci, Senhor! Já tu lá estavas,

Crucificado, lívido, esquecido

não respondeste, pois, ao meu gemido,

Que há muito tempo já que não falavas…

Redemoinhavam, longe, turbas bravas,

Alentando ao ar fumo e alarido.

E a tua benta Cruz de Deus vencido,

Quis eu erguê-la em minhas mãos escravas!

A turba veio então, seguiu-me os rastros;

E riu-se, e eu nem sequer fui açoitado,

E dos braços da Cruz fizeram mastros…

Senhor! Eis-me vencido e tolerado:

Resta-me abrir o braços a teu lado,

E apodrecer contigo à luz dos astros!

MODERNISMO NO BRASIL

1ª fase – 1922 a 1930

2ª fase – 1930 a 1945

 

ê Tendências da literatura contemporânea

– efemeridade e mistura de tendências artístico-culturais

– movimentos de curta duração

– O Concretismo: o poema-ícone

Dos anos 50 até hoje a principal corrente de vanguarda em nossa literatura, teve influência sobre sucessivos grupos de poetas, artistas plásticos e músicos.

O movimento foi criado por 3 poetas paulistas e 1956: Décio Pignatari e os irmão Augusto e Haroldo de Campos.  Criou-se a revista Noigrandes.

Como já fazia João Cabral de Melo Neto pregam o fim da poesia intimista, o desaparecimento do eu lírico, e propõe uma nova concepção poética baseada na geometrização e visualização da linguagem.

Décio Pignataro

beba   coca   cola

babe             cola

beba   coca  

babe   cola   caco

caco

cola

                cloaca.

Cloaca: fossa ou cano que recebe dejeções e imundícies.

Tropicalismo

Jovens com nova linguagem verbal e  musical. Caetano, Gil, Os Mutantes e Tom Zé (não é tropicalista, mas estava no momento), apoiados em textos de Torquato Neto e Capitam e nos arranjos do maestro Rogério Duprat.

O ponto de partida do movimento foi o III Festival de MPB da TV Record, em 1967, do qual saíram vencedores Gil e Caetano com suas composições Domingo no parque Alegria, alegria, respectivamente.

ê Ferreira  Gullar: 1930 – Maranhão, aos 19 anos tem seu 1º livro de poesia premiado. RJ ê jornalista ê participa da 1ª exposição concreta de SP, pouco antes de 64 rompe com a poesia concreta e retoma os versos discursivos, aborda temas de interesse do momento (guerra fria,etc): João Boa-Morte, Cabra marcado para morrer Quem matou Aparecida todas de 1962. Com o golpe militar ele passa ao engajamento “poesia da resistência” : Dentro da noite veloz (75) Poema sujo (76). Contribuições na dramaturgia e ensaística – peça: Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Em parceria com Oduvaldo Viana Filho, e o ensaio Vanguarda e subdesenvolvimento (69) sobre sociedade e arte.