A natureza polêmica dos temas que circundam as provas de vestibular pedem um escritor mais leitor. É verdade. Está se lendo muito pouco (ou nada), e o que se espera, na verdade, é que o vestibulando produza um texto, analisando determinado problema da realidade sob vários ângulos e que, ao mesmo tempo, argumente em defesa do ponto de vista criado.
É certo que tomar uma posição diante de questões polêmicas implica não só evidenciar uma atitude ideológica, mas também apresentar o que se aprendeu ao longo da vida escolar. Esse pode ser o grande problema. Quem leu de verdade na escola? Quais foram os textos? O que informaram os professores? Quando se discutiu o papel ideológico do cidadão? Enfim… os vestibulandos do século XXI não se questionam sobre o verdadeiro papel do cidadão.
O que é dissertar?
Segue um exemplo que fez parte da prova de produção de texto da PUC-RJ. Observe passo a passo as orientações:
“Pessoas de projeção social vêm permitindo e até incentivando a invasão e publicação de sua vida privada. Sentimentos vivenciados em decorrência de experiências, como maternidade, infidelidade, perda de um ente querido ou separação afetiva, são expostos, sem constrangimento, ao grande público, através dos meios de comunicação.
Observa-se, no entanto, que essa tendência não se restringe às pessoas famosas. Os ‘anônimos’ também vêm permitindo que os dramas da sua vida privada tornem-se públicos. Em programas de televisão ou rádio, partilham com o espectador suas desavenças familiares. Em jornais ou telejornais, exibem suas dores, medos, tristezas, seja por uma desilusão amorosa, pela perda da casa ou pela falta do que comer.
O que leva o cidadão comum, na sociedade brasileira, a não preservar sua intimidade, apagando as fronteiras entre o público e o privado?
A atualidade do texto proposto em 1999, evidencia um fato comum explorado todos os dias pela mídia. A desgraça da população, quer de famosos, quer de anônimos, funciona como um bom tema para testar a sua capacidade de tomada de posição”.
Recomendação
Observe os fatos
- Há uma contraposição presente no texto apresentado na PUC-RJ, no momento em que a invasão de privacidade não se restringe aos famosos.
- 2. Essa contraposição é a polêmica levantada pelo questionamento final “O que leva o cidadão comum, na sociedade brasileira, a não preservar sua intimidade, apagando as fronteiras entre o público e o privado?”
- Observe atentamente o início do questionamento “O que leva…”, pois a argumentação estará centrada nessa indagação.
