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Enem 2019 – Ívina Araújo 21 anos | Santa Quitéria – CE

Democratização do acesso ao cinema no Brasil

Em um dos episódios da série televisiva “Black Mirror“, é retratada a aceitação de padrões de comportamentos na Internet pelo indivíduo como uma forma de ser aceito pela sociedade mesmo que, muitas vezes, este discorde daqueles. De maneira similar à realidade, nota-se que, no Brasil, a questão da manipulação dos usuários no ambiente virtual em nada difere do enredo ficcional citado, pois a falta de um questionamento contundente pelas esferas midiático e social acerca da temática é uma marca constante neste país. Diante disso, é imprescindível discutir novas metodologias ativas no intuito de estimular o desenvolvimento do senso crítico dos cidadãos e eliminar as mazelas trazidas pela problemática.

Nesse sentido, observa-se a influência midiática na atual conjuntura, já que, desde a Revolução Técnico-Científica, com a criação de artigos tecnológicos de preço acessível e que possibilitam o acesso a informações em escala global, até a contemporaneidade, com a popularização dessas tecnologias devido ao surgimento das redes sociais, por exemplo, nota-se que o indivíduo encontrou nesses produtos uma forma de expressar seus pensamentos e de ter acesso a conhecimentos variados. Todavia, ao mesmo tempo em que a mídia proporciona essa liberdade também a limita, utilizando para isso o emprego de algoritmos que regulam o fluxo de informações que chegam os usuários, a exemplo da plataforma digital Netflix. Por conseguinte, há a criação de uma “bolha“, em que os indivíduos possuem acesso apenas a conteúdos de seu interesse, o que interfere negativamente na formação do seu pensamento por não abordar integralmente os assuntos existentes. Desse modo, o jovem, por ainda estar construindo sua personalidade, é facilmente suscetível a adquirir os conteúdos sem o devido questionamento, impossibilitando o pleno desenvolvimento de seu senso crítico.

Nessas circunstâncias, deve-se ressaltar a importância econômica da problemática. Em face disso, Adorno traz em seus trabalhos o conceito de Indústria Cultural, em que há uma objetificação do homem pela mídia, passando este a seguir os comportamentos ditados pela seara midiática. Seguindo essa linha de pensamento, as empresas que utilizam os dados dos usuários presentes na Internet para promover seus produtos estariam interessados não no bem-estar do indivíduo, mas nas benesses econômicos, promovendo a circulação de ideias e mercadorias com ausência de um conteúdo crítico, permitindo com isso a massificação desses comportamentos. Dessa maneira, entende-se essa questão como uma problemática cuja resolução deve ser imediata.

Destarte, é mister a união entre a seara midiática e a sociedade afim de mostrar a essencialidade da reeducação dos cidadãos para a eliminação dessa prática na sociedade. Para tanto, a mídia, em parceria com as instituições privadas, deve reformular os algoritmos presentes nos meios midiáticos, adotando formas mais abrangente de disponibilizar os conteúdos de forma integral nas mídias, no intuito de proporcionar uma maior variedade de opções aos indivíduos. Ademais, em sinergia com a sociedade, deve propor a discussão da temática mediante a criação de campanhas publicitárias e programa de debates, em busca de estimular o indivíduo a desenvolver o seu senso crítico e instigar a busca de conhecimento de forma mais completa. Só assim será possível evitar que casos, como da série “Black Mirror”, venham a ocorrer.