Clique Vestibular

SALA DE ESTUDOS

Primeira Guerra Mundial

Aprenda sobre a Primeira Guerra Mundial

A ordem européia de Bismarck entrou em dissolução acelerada após a aliança franco-russa e em lugar de um sistema de poder em equilíbrio, formavam-se arcos de alianças opostas. A estabilidade multipolar desmanchava-se definitivamente.

Criava-se então, um intenso espírito nacionalista, a rivalidade política e econômica entre as nações e a criação de duas poderosas alianças militares. Mas, foi a queda de Bismarck, em 1890, que deu o impulso que faltava ao expansionismo alemão. A geopolítica alemã, associava o progresso social à afirmação territorial do Estado, estimulando idéias expansionistas. A Kulturkampf incentivava o nacionalismo alemão com idéias de superioridade racial e destino histórico. A liga pangermânica, círculo político e intelectual que promovia o expansionismo alemão na Europa central, foi fundada em 1893.

O espírito nacionalista surgiu após a Revolução Francesa e a Era Napoleônica , dissipando na Europa a idéia política de que pessoas com as mesmas origens étnicas, língua e ideal político tinham direito a um estado independente. Assim, muitos povos que almejavam autonomia nacional, transformaram-se em dinastias ou até mesmo em outros países. Um exemplo notável tem-se no povo alemão, o qual o congresso de Viena dividiu em várias províncias, principados e estados dependentes, um ponto crucial, para que o expansionismo alemão substituí-se a idéia de equilíbrio de poder dos tempos de Bismarck.

O jogo de alianças enrijeceu-se velozmente. Em 1904 a França concluía a entente cordial com a Grã-Bretanha. Em 1907, a Tríplice Entente, entre britânicos, franceses e russos. A Alemanha, isolada, aprofundava sua aliança com a decadente monarquia austro-húngara.

O que acendeu o barril de pólvora europeu foi a crise Sérvia, que liderando movimentos nacionalistas nos Balcãs, desafiaram a hegemonia austro-húngara . A crise desaguou no atentado de Sarajevo, quando jovens militantes sérvios assassinaram o arquiduque Francisco Ferdinando, em 28 de junho de 1914.

    O mecanismo cego das alianças entrou em funcionamento. A Áustria declara guerra contra a Sérvia, talvez por acreditar que a Rússia não se moveria em favor da Sérvia. A Rússia reponde, mobilizando-se parcialmente contra a Áustria. A diplomacia alemã comunica a Rússia que a continuada mobilização contra a Áustria poderia trazer conflitos entre Rússia e Alemanha e faria com que a Áustria discutisse novas possibilidades quanto ao ultimato à Sérvia. A Rússia nega-se aos pedidos insistentes da Alemanha em não opor-se contra a Áustria. Assim a Alemanha declara guerra contra a Rússia.

A França começa a mobilizar-se contra a Alemanha. A Alemanha envia tropas em direção a Luxemburgo, declarando guerra contra a França.

A Alemanha comunica a Bélgica sua intenção de avançar suas tropas em direção a França por meio do território belga, mas o governo da Bélgica recusa o pedido alemão e impede que as tropas alemãs ingressem em seu território. O governo belga convoca os países signatários do tratado de 1839, onde foi assinado um acordo que garantiria a neutralidade belga no caso de um conflito no qual França, Grã-Bretanha e Alemanha estivessem envolvidos. Então a Grã-Bretanha junta-se a França e a Rússia e declara guerra contra a Alemanha.

A primeira guerra mundial foi um conflito europeu, que representou a continuação da Guerra franco-prussiana de 1871, na disputa entre a Alemanha e a França.

A motivação que movia a Grã-Bretanha para dentro do conflito, era a manutenção do equilíbrio de poder continental, indispensável à sua política mundial. Os britânicos repetindo a atitude adotada cem anos contra Napoleão, novamente buscavam derrotar a nova potência candidata a hegemonia européia, a Alemanha. Porém a Grã-Bretanha revelou-se incapaz de intervir na ascenção alemã e ficou clara a impotência da Tríplice Entente para derrotar a Alemanha. Somente com a participação dos Estados Unidos no conflito, o panorama bélico seria totalmente modificado, colocando a Alemanha em colapso.

Os Estados Unidos praticavam uma política externa voltada para a América, o isolacionismo, que devido a intrincada diplomacia dos Estados Europeus, tornou-se uma orientação estrutural em Washington. A transição da política externa americana baseada no seu tradicional isolacionismo diante da Europa, atitude típica do segundo pós-guerra, é apresentada como exemplo de ruptura na forma de perceber o sistema internacional. Atrás dessa ruptura esconde-se uma permanência mais surpreendente: a retórica moralizante e o espírito de cruzada que formam o estilo nacional americano.

A constituição de uma poderosa esquadra e a expansão da influência americana para o Caribe e o Pacífico, consolidavam a sensação de isolamento da potência americana em relação à Europa. O expansionismo geopolítico dos Estados Unidos no hemisfério ocidental realizava-se à sombra das disputas européias. Enquanto não surgia uma potência hegemônica na Europa capaz de interferir nas questões da América, os Estados Unidos tinham sua segurança assegurada.

A entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra decorreu da impotência britânica para derrotar a Alemanha e manter o equilíbrio. Assim após dois anos de apoio bélico à Tríplice Entente, os Estados Unidos declaram guerra a Alemanha.

A Primeira Guerra Mundial alterou profundamente o mapa político europeu. A desagregação do Império  Russo, a dissolução da Áustria-Hungria e do Império Turco deram origem aos novos estados da Europa. A derrota alemã ocasionou a devolução da Alsácia e da Lorena à França e a criação do “Corredor Polonês”, isolando a Prússia Oriental. Assim, todo o sistema de Estados do Século XIX foi demolido.

Ao contrário do tratado de Viena de 1815, onde os territórios conquistados por Napoleão à França foram devolvidos à Alemanha, os tratados que encerraram a Primeira Guerra basearam-se no Revanchismo, contra as potências derrotadas, proliferando assim, ainda mais as áreas de tensão e os focos de atrito.

O Tratado de Versalhes representou a humilhação nacional da Alemanha, responsabilizada pela guerra e obrigada a pagar indenizações financeiras e materiais. As forças armadas da Alemanha foram dissolvidas e a fronteira franco-germânica desmilitarizada. Consolidou-se a independência polonesa e os territórios habitados por alemães transferiram-se para a Polônia.

O nacionalismo alemão fertiliza-se sob a humilhação imposta pelos vencedores. A geopolítica ressurge fortalecida reclamando as terras antes povoadas. A ascensão de Hitler, em 1933, e a proclamação do Terceiro Reich anunciavam o novo conflito.